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Técnica que deixa corpo transparente facilita diagnósticos

Smitha Mundasad

Repórter de Saúde da BBC News

01/08/2014 12h24

Cientistas desenvolveram uma forma de fazer um corpo inteiro ficar transparente.

Em reportagem na revista "Cell", a equipe, que estuda roedores, descreve uma técnica que mantém os tecidos intactos, mas permite que as partes-chave do corpo e ligações internas possam ser vistas.

Eles dizem que a técnica pode ajudar a visualizar como órgãos separados interagem e apontar o caminho para uma nova geração de tratamentos.

O método também pode ser utilizado para detectar a propagação de vírus e cânceres em tecidos humanos.

Há um século os cientistas vêm tentando elevar a transparência de órgãos opacos. Mas a maioria das técnicas danificava tecidos, o que interrompeu testes mais aprofundados.

Sonho dos biólogos

As moléculas de lipídio (gordura) presentes nas células do corpo distorcem os raios de luz, o que deixa os tecidos opacos. Até hoje, os processos usados para dissolver essas moléculas privavam os órgãos de elemento-chave para seu suporte estrutural, o que resultava em uma massa amorfa de material.

Agora, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia dizem ter conseguido atingir o sonho dos biólogos.

Com base em trabalhos anteriores a equipe desenvolveu uma técnica com três estágios:

Primeiro, uma malha macia feita de uma espécie de plástico dá suporte para os tecidos. Em seguida, um detergente molecular é administrado na corrente sanguínea, dissolvendo lipídios e tornando os órgãos transparentes. Corantes de rastreamento e de marcação de moléculas específicas podem ser adicionados à infusão para destacar as conexões mais importantes.

Usando este método em roedores, os pesquisadores conseguiram tornar rins inteiros, corações, pulmões e intestinos transparentes dentro de três dias, e todo o corpo dentro de duas semanas.

O teste do procedimento em pacientes com câncer permitiu que os cientistas visualizassem o alcance da disseminação da doença.

'Avanço importante'

A pesquisa foi realizada em ratos sacrificados e amostras de tecido humano tiradas durante operações, mas ainda não foi aplicada a organismos vivos.

Os cientistas afirmam que a técnica pode ter diversos usos futuros, desde o mapeamento do caminho de fibras nervosas do cérebro para o resto do corpo ao rastreamento dos locais onde diferentes vírus se escondem nos tecidos.

A equipe, agora, está colaborando com outros cientistas para examinar o tecido cerebral de pessoas com deficiências cognitivas. Ao compará-lo essas amostras com amostras saudáveis, os cientistas querem identificar diferenças nunca antes vistas nos padrões celulares.

"É provavelmente um dos avanços mais importantes na neuroanatomia em décadas", disse Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA.