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Zika: De doença misteriosa a emergência global em 13 momentos-chave

01/02/2016 21h30

Há um ano, profissionais da saúde na Bahia reportaram casos de pacientes com manchas avermelhadas pelo corpo. Em um primeiro momento, a suspeita era de um novo tipo de dengue. Mais tarde, o diagnóstico foi confirmado foi outro: contaminação por um vírus sobre o qual pouco se sabia, o zika.

Passado um ano dessas primeiras notificações, a doença passou a ser identificada em cada vez mais municípios e, meses depois, foi descoberta a relação entre o vírus e um aumento nos casos de microcefalia entre bebês.

Nesta segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou considera o avanço da microcefalia ligada ao zika vírus nas Américas uma emergência internacional.

Veja como foi a evolução do zika e da microcefalia em 13 momentos cruciais:

Maio de 2015 - Doença provoca manchas avermelhadas

Desde fevereiro de 2015, profissionais de saúde da Bahia notificaram casos de uma doença que provocava manchas avermelhandas na pele. A primeira suspeita era a de que a doença fosse um novo tipo de dengue. Em maio, o governo estadual confirmou um surto da doença causada pelo zika vírus.

Setembro de 2015 - 'Paciente-zero': gêmeo com irmão saudável

Após identificar um aumento do número de casos de má-formação entre bebês, a neuropediatra pernambucana Vanessa van der Linden Mota alertou outros colegas e, em setembro, levou o caso ao secretário de saúde do Estado. Foi então criada uma equipe para entender o que estava acontecendo.

O primeiro caso que despertou a atenção da doutora Vanessa foi o de dois gêmeos, em que um dos bebês nasceu normal e o outro, com microcefalia. Ele é o considerado o "paciente zero" da epidemia.

11 de novembro de 2015 - Estado de emergência em Pernambuco

Após identificar mais de 140 casos de microcefalia em 44 municípios, o Ministério da Saúde de decretou emergência em saúde pública. Casos suspeitos em outros estados do Nordeste são investigados.

12 de novembro de 2015 - "Não engravidem"

Neste dia, o diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse: "Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado."No dia seguinte, o ministério divulgou uma nota dizendo que não havia recomendação para se evitar a gravidez, afirmando que as gestantes deveriam discutir cada caso com seus médicos.

17 e 18 de novembro de 2015 - Confirmação da zika como principal hipótese pra microcefalia

A Fiocruz divulgou o resultado de exames que atestaram a presença do zika vírus no líquido amniótico de gestantes cujos bebês tinham microcefalia. Em seguida, o Ministério da Saúde informou que a epidemia de contaminação por zika vírus registrada no primeiro semestre era a "principal hipótese" para explicar o aumento dos casos de microcefalia na região Nordeste.

O ministério confirma que o surto já era tratado como epidemia.

21 de novembro - Epidemia se espalha e Dilma anuncia força-tarefa

O diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch diz que a microcefalia pode se espalhar pelo país. A presidente Dilma então anuncia criação de força-tarefa, um gabinete interministerial com especialistas em saúde pública, para decidir sobre medidas para evitar que surto se espalhe.

25 e novembro de 2015 - Polinésia investiga zika e microcefalia

O governo da Polinésia - território ultramarino da França - anunciou que estava investigando uma possível relação entre o zika vírus e casos de má-formação em bebês. A população local sofreu com uma epidemia de zika entre 2013 e 2014.

28 de novembro de 2015 - Governo confirma relação entre o zika e a microcefalia

O Ministério da Saúde confirmou a relação entre o surto de microcefalia no Nordeste e o zika vírus, após resultados de exames feitos pelo Insituto Evandro Chagas, em Belém (PA), de um bebê nascido no Ceará. Foi identificada a presença do zika no sangue e em tecidos do bebê.

12 de janeiro de 2016 - EUA confirmam primeiro caso de zika

Um paciente do Texas é o primeiro caso registrado de vírus zika nos Estados Unidos. Ele teria contraído a doença após uma viagem para a América Latina. Dias antes, Em 31 de dezembro, um primeiro caso da doença foi registrado em Porto Rico. Autoridades da ilha - que integra o território americano - afirmaram que o paciente não viajou recentemente, o que descartaria a possibilidade de que tenha contraído a doença no exterior.

20 de janeiro de 2016 - Colômbia pede que casais evitem gravidez

Por causa do zika, a Colômbia pediu que casais adiassem planos de ter um filho. "Considerando a atual fase em que se encontra a epidemia do zika vírus e o risco que ela traz, recomenda-se que os casais que vivem em território nacional evitem gestações durante essa fase, que pode se estender até o mês de julho de 2016."

28 de janeiro de 2016 - Zika rouba cena em cúpula latino-americana e OMS faz novo alerta

O problema da rápida disseminação do zika vírus roubou a cena na quarta Cúpula da Comunidade Latino-Americana e do Caribe (Celac), que reuniu representantes de 33 países da região em Quito, no Equador.

Na mesma data, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, classificou como "alarmante" a velocidade com que o vírus está se espalhando no mundo, anunciando a previsão de que o vírus poderia afetar até 4 milhões de pessoas somente neste ano, com até 1,5 milhão de vítimas no Brasil.

29 de janeiro de 2016 - Governo autoriza entrada à força em casas abandonadas

Em um esforço para combater o mosquito Aedes aegypti, o governo brasileiro decidiu autorizar a entrada forçada de agentes em imóveis abandonados ou sem ninguém para permitir o acesso deles quando houver risco de existência de criadouros no local.

A medida provisória que autoriza a ação foi assinada pela presidente Dilma Rousseff na sexta-feira, dia 29/1, e publicada nesta segunda no Diário Oficial da União. Se ninguém for localizado para permitir a entrada dos agentes na casa, eles só poderão entrar à força após terem feito duas visitas, com notificação prévia, em um intervalo de dez dias.

1º de fevereiro de 2016 - "Emergência internacional"

Após discutir aspectos relacionados ao risco da proliferação da microcefalia ligada ao zika vírus nas Américas, a OMS decretou situação de "emergência de saúde pública de interesse internacional" para os casos de má-formação e de disfunções neurológicas. Com isso, a organização espera facilitar a mobilização de dinheiro, recursos e conhecimento científico para o combate à doença.