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Brasil e Argentina concorrerão juntos a dinheiro da UE para zika, diz ministro

"Os dois países têm longa tradição na produção de vacinas. Juntos teremos mais chances", disse Pansera - Elza Fiúza/Agência Brasil
"Os dois países têm longa tradição na produção de vacinas. Juntos teremos mais chances", disse Pansera Imagem: Elza Fiúza/Agência Brasil

Marcia Carmo

Da BBC Brasil, em Buenos Aires

24/02/2016 11h25

O ministro brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, anunciou em Buenos Aires que Brasil e Argentina apresentarão juntos uma proposta para concorrer a recursos oferecidos pela União Europeia (UE) para financiar pesquisas no combate à zika. 

Na semana passada, a União Europeia anunciou que destinará 10 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões) para pesquisas sobre o Aedes aegypti e a disseminação do vírus da zika.

Pelo telefone, quando já estava a caminho do aeroporto internacional de Ezeiza, para retornar à Brasília, ele disse que os dois países combinaram que apresentarão um projeto conjunto à UE assim que for divulgado, em março, o edital para o financiamento da pesquisa.

A Argentina é um país com longa tradição na área de pesquisa, com dois prêmios Nobel em medicina e um Nobel em química.

O ministro sugeriu que, juntos, os países serão mais fortes tanto no avanço da ciência quanto na captação de recursos internacionais.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista:

BBC Brasil - Ministro, por que Brasil e Argentina pedirão recursos conjuntamente para pesquisa sobre zika?

Celso Pansera - Os dois países têm longa tradição na produção de vacinas, são cientificamente maduros e dispõem de cientistas e de infraestrutura para desenvolver pesquisas sobre a doença. E acredito que juntos teremos mais chances.

A Comissão Europeia apresentará o edital em março disponibilizando dez milhões de euros para pesquisa da zika. Já em abril apresentaremos a proposta conjunta, em maio devemos ter uma resposta e em junho os recursos deverão ser liberados.

BBC Brasil - Por que Brasil e Argentina receberiam os recursos? Por ser o Brasil um dos países com maior número de casos da doença?

Pansera - Pela infraestrutura que temos na área de ciência e tecnologia e porque o Brasil acumulou informações sobre o vírus. E juntos, Brasil e Argentina, podemos fazer pesquisas sobre vacinas contra a zika.

BBC Brasil - Desses dez milhões de euros, quanto vocês esperam receber?

Pansera - Nós vamos apresentar o valor no projeto, e a Comissão Europeia vai avaliar e dizer o potencial da nossa proposta.

BBC Brasil - A proposta de ação conjunta de Brasil e Argentina se limita à União Europeia? O senhor antes citou o interesse em conseguir financiamento dos Estados Unidos...

Pansera - Se os Estados Unidos apresentarem edital com financiamento para pesquisa da zika também vamos apresentar proposta conjunta. A comunidade científica internacional está preocupada e juntos podemos ter importantes avanços. Além disso, o Brasil também anunciará em breve um conjunto de iniciativas e lançaremos editais, provavelmente em março, com recursos públicos e editais específicos com o mesmo objetivo de avançar para combater à zika. E comentamos com os argentinos para que também apresentem propostas.

BBC Brasil - Ministro, a zika e o fato de crianças estarem nascendo com microcefalia reabriu o debate sobre o aborto no Brasil. Qual é a sua opinião?

Pansera - O Brasil tem legislação sobre isso, e como integrante do governo opino que é seguir a legislação. E qualquer discussão deve ser levada ao Congresso.

BBC Brasil - Ministro, como o senhor vê a crise no Brasil?

Pansera - Essa crise está se enfraquecendo. Vai passar. Nós estamos fazendo governo.

BBC Brasil - Mas o que o senhor opina sobre as notícias de hoje no Brasil? Sobre a prisão do (João) Santana e sobre as informações envolvendo o ex-presidente Lula?

Pansera - Nós estamos fazendo governo e essas coisas tendem a se resolver nos próximos meses.

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AFP