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É possível ser 'gordo' e ao mesmo tempo estar em boa forma?

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Imagem: Thinkstock

Dr. Saleyha Ahsan

22/06/2016 07h51

Mais da metade da população brasileira (52,5%) está acima do peso. Deste percentual, 17,9% são obesos, segundo uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Ministério da Saúde.

Mas será que essas dezenas de milhões de brasileiros estão com a saúde em risco?

Um dos indicadores mais comuns utilizados por especialistas para avaliar se uma pessoa tem ou não um peso saudável é o Índice de Massa Corporal (IMC), que se baseia no seguinte cálculo: o peso da pessoa é dividido pelo quadrado de sua altura.

De acordo com os especialistas, indivíduos com IMC entre 18,5 e 24,9 têm peso normal. Uma pessoa está acima do peso quando seu IMC atinge 25,0. E indivíduos com IMC a partir de 30,0 são classificados como obesos.

Estamos acostumados à ideia de que ser gordo é prejudicial para a saúde.

No entanto, alguns indivíduos com IMC alto estão expostos a riscos relativamente baixos no que diz respeito ao desenvolvimento de doenças sérias --como diabetes ou doenças cardíacas.

E pessoas com baixo IMC, por sua vez, podem, às vezes, correr altos riscos de desenvolver problemas de saúde.

Há quem argumente que o IMC, um indicador criado no século 19, não se adequa mais aos nossos tempos. E pesquisas sugerem que talvez haja outros, mais precisos, indicadores de saúde disponíveis.

IMC X cintura

O IMC não faz distinção entre gordura, músculo e osso. Então, pessoas musculosas podem apresentar um IMC alto, embora tenham pouquíssima gordura em seus corpos.

Idosos, por sua vez, tendem a perder musculatura à medida que envelhecem. Portanto, podem apresentar IMC mais baixo, enquadrando-se na categoria "saudável", mesmo que tenham altas concentrações de gordura em seu corpo.

O IMC também não leva em consideração a localização da gordura no organismo. Pesquisas indicam que pessoas que possuem excesso de gordura na região da cintura correm riscos mais altos de sofrer de doenças do que as que acumulam gordura nas coxas e na região glútea.

Ou seja, o tamanho da cintura pode ser uma melhor forma de monitorar sua saúde do que o IMC --mas também tem suas limitações como indicador da saúde de um indivíduo.

Por exemplo, ele não é recomendado na avaliação da saúde de crianças, já que não leva em consideração a altura da pessoa.

Além disso, o tamanho da cintura tende a aumentar com a idade. E não deve ser usado como indicador de saúde durante a gravidez.

E ele tem de ser ajustado para uso em certas etnias. Por exemplo, homens do leste e do sul da Ásia são mais suscetíveis ao diabetes do que caucasianos com a mesma medida de cintura.

Exercícios aeróbicos

Há ainda um outro indicador de saúde, bastante preciso, que não se baseia no tamanho ou na forma do corpo.

Trata-se do teste VO2max, que mede a quantidade de oxigênio que seu corpo utiliza quando você se exercita vigorosamente.

Esse teste é bastante útil para medir a saúde aeróbica de uma pessoa. Estudos revelaram que pessoas com índices mais altos de saúde aeróbica tendem a viver mais.

Exercícios aeróbicos são todo tipo de atividade física que, por meio de movimentos rápidos e ritmados, provoca a oxigenação das células musculares, elevando o consumo de calorias.

Qualquer que seja o seu IMC, ou o tamanho da sua cintura, exercícios aeróbicos regulares são uma boa opção para você ficar em forma.

Mas se o seu estilo de vida ainda não permite que você adote um programa regular de exercícios, não desanime. Cuidar do jardim, ir de bicicleta ao trabalho ou caminhar (em vez de dirigir) já são um começo.

Lembre-se: qualquer atividade que deixe você ligeiramente ofegante já ajuda a melhorar sua saúde aeróbica.