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Coronavírus: com produto em falta, gangue armada rouba centenas de rolos de papel higiênico em Hong Kong

Hong Kong vive escassez de papel higiênico - Getty Images
Hong Kong vive escassez de papel higiênico Imagem: Getty Images

17/02/2020 06h43

Homens armados com facas roubaram centenas de pacotes de papel higiênico em Hong Kong, território que enfrenta a escassez de diversos produtos por causa do pânico em torno do novo coronavírus.

Segundo a polícia, o grupo de criminosos rendeu um entregador em frente a um supermercado em Mong Kok, distrito de Hong Kong onde atuam há anos gangues conhecidas como "tríades".

Os 600 rolos foram avaliados em quase R$ 1 mil. A polícia disse ter prendido dois homens suspeitos do crime e recuperado parte do papel higiênico roubado.

O avanço do surto — com mais de 70 mil casos na China continental e 57 em Hong Kong — fez com que muitas pessoas estocassem mantimentos e itens de necessidade básica. A prática levou a prateleiras vazias e aumento nos preços.

Surgem enormes filas a cada nova leva desses produtos nos mercados e nas farmácias, com pessoas na porta desde a madrugada.

Ainda que o governo de Hong Kong assegure que o abastecimento não foi afetado pelo surto de coronavírus, moradores têm enfrentado bastante dificuldade para encontrar (e estocar) produtos como máscaras, papéis higiênicos e álcool para higiene.

A corrida aos mercados também levou à escassez de alimentos como arroz e macarrão.

As autoridades locais atribuem o pânico a informações falsas que circulam em redes sociais. Até o momento, uma pessoa morreu em decorrência do coronavírus em Hong Kong.

Esse cenário de pânico e escassez de produtos tem sido visto em diversos lugares da Ásia, como Cingapura e Taiwan.

Em Taiwan, o governo afirmou ter detectado a circulação da informação falsa de que a produção de papel higiênico iria ser reduzida para priorizar a produção de máscaras.

Qual é a situação atual do surto?

Epicentro do novo coronavírus (rebatizado de Covid-19), a China tem adotado medidas cada vez mais restritivas para tentar conter o avanço do surto.

O governo disse a pelo menos 60 milhões de pessoas na província de Hubei, cuja capital (Wuhan) registrou os primeiros casos da doença em dezembro, que só deixem suas residências em situação de emergência.

Sistemas de transporte público, escolas e shoppings foram fechados, e agora a circulação de carros também foi suspensa. Wuhan e outras cidades na região estão submetidas a quarentenas (ou seja, praticamente ninguém entra e ninguém sai).

Hubei concentra 1.696 das 1.775 mortes registradas até agora. Do total de 70 mil casos, quase 58 mil foram diagnosticados nessa província.

Segundo as autoridades chinesas, apesar da alta recente do número de casos registrados (após a adoção de uma metodologia de diagnóstico mais flexível e célere), as notificações diárias estão "estáveis".

Até o momento, quase 30 países e territórios tiveram casos da doença, mas grande parte está relacionada a um cruzeiro turístico atracado no Japão, com mais de 3 mil pessoas a bordo.

Na embarcação Diamond Princess, sob quarentena há dias, 369 pessoas foram diagnosticadas com a doença e encaminhadas para hospitais da região. A situação é considerada sob controle por autoridades.

Mas outro cruzeiro passou a gerar pânico entre autoridades estrangeiras. O MS Westerdam conseguiu atracar no Camboja na semana passada após ser rejeitado em cinco lugares da Ásia.

O cruzeiro, administrado pela Holland America Line, estava programado para durar duas semanas — e com esses 14 dias chegando ao fim, havia preocupações com suprimentos de combustível e alimentos. Ele havia partido de Hong Kong em 1º de fevereiro com 1.455 passageiros e 802 tripulantes a bordo.

Autoridades do Camboja divulgaram que a embarcação estava livre da doença, e centenas de pessoas desembarcaram e logo seguiram de avião para seus lugares de origem.

Só que um dos passageiros do Westerdam, de cidadania americana, foi parado em um aeroporto da Malásia no sábado e acabou recebendo o diagnóstico positivo.

A corrida agora é para encontrar todos os passageiros e monitorá-los para eventual detecção de sintomas não apenas neles mas também em pessoas com as quais tiveram contato.

"Nós antecipamos brechas, mas eu preciso dizer que não previmos uma dessa magnitude", afirmou William Schaffner, especialista em doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt, ao jornal americano The New York Times.

O novo coronavírus, cujos principais sintomas são febre, tosse e falta de ar, pode ser transmitido durante o período de incubação da doença, que varia de 1 a 14 dias. Até agora, especialistas afirmam que uma pessoa infectada transmite o vírus para até três outras.