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Coronavírus: como grandes cidades pelo mundo estão combatendo a disseminação

Parlamento tailandês foi desinfetado depois que um deputado revelou que havia acabado de voltar de viagem ao Japão - AFP
Parlamento tailandês foi desinfetado depois que um deputado revelou que havia acabado de voltar de viagem ao Japão Imagem: AFP

02/03/2020 16h25

Com a chegada da doença ao Brasil, veja como autoridades agem para controlar riscos em metrópoles ao redor do mundo atingidas pelo vírus.

O novo coronavírus já se disseminou por todos os continentes, exceto a Antártida, e pela primeira vez se espalha mais rapidamente fora do que dentro da China, país onde foi detectado pela primeira vez.

Em grandes cidades, onde as pessoas vivem e trabalham bem próximas umas às outras, a perspectiva de surtos é real e gera preocupação.

O Brasil, de acordo com boletim do Ministério da Saúde divulgado no domingo (01/03), registra 252 casos suspeitos da doença e duas confirmações.

A primeira se refere a um homem de 61 anos, de São Paulo, que voltou de viagem à Itália e passa bem em quarentena domiciliar. O segundo tem 32 anos e também viajou da Itália a São Paulo.

Com a chegada da doença a terras brasileiras, a BBC ilustra alguns dos principais desafios encarados por metrópoles mundo afora ? e também como essas cidades vêm atuando até agora.

Transporte público

Os sistemas de transporte público são o ambiente perfeito para a transmissão de vírus.

Acredita-se a principal forma de propagação aconteça quando gotas de fluidos corporais caem em superfícies compartilhadas após alguém tossir ou espirrar.

Estudos que analisaram surtos de gripe no passado apontam que pessoas que usavam transporte público tinham até seis vezes mais chances de contrair uma infecção respiratória aguda do que as demais.

É por isso que autoridades de países como Coreia do Sul, Itália e Irã deram ordens expressas de reforço na limpeza de superfícies no interior de trens, ônibus e estações.

Grandes aglomerações

Eventos que atraem grandes multidões, como os esportivos, são locais óbvios de possível contágio e já estão sendo afetados pelo coronavírus.

O surto levou, por exemplo, ao adiamento do Grande Prêmio da China de Fórmula 1 em Xangai.

Seis jogos da Liga dos Campeões da Ásia também foram adiados, afetando quatro equipes iranianas.

Na Europa, jogos de rugby e futebol envolvendo equipes italianas foram suspensos.

Mas a maior interrupção no calendário esportivo global pode ser a Olimpíada de Tóquio, que deve começar em 24 de julho. Até agora, apenas o revezamento da tocha antes dos jogos foi reduzido, mas o Comitê Olímpico Internacional não descartou o cancelamento dos jogos se o coronavírus se transformar em uma pandemia grave.

Além dos esportes, os eventos religiosos também estão sujeitos a restrições.

A Arábia Saudita, por exemplo, já anunciou que a suspensão da entrada de peregrinos estrangeiros a Meca e Medina.

Escolas

Cada vez mais, governos estão aconselhando escolas a criarem planos para lidar com o coronavírus.

Em países como Japão, Tailândia, Irã e Iraque, colégios e universidades foram fechados temporariamente para lidar com o surto.

O Reino Unido e os EUA não estão recomendando o fechamento, mas quatro escolas na Inglaterra cancelaram todas as aulas para uma "limpeza profunda" depois que alunos voltaram de viagens a estações de esqui na Itália.

Os pais que viajaram recentemente com seus filhos para as áreas mais afetadas ? incluindo Irã, China, Hong Kong, Coréia do Sul, sudeste Asiático e norte da Itália ? têm sido aconselhados a cumprirem quarentena voluntária e a não enviarem seus filhos para a escola.

Escritórios

O coronavírus tem afetado os negócios em alguns dos centros de tecnologia mais importantes do mundo.

Em São Diego e São Francisco, que decretaram emergência pública, funcionários estão sendo aconselhados a não apertarem as mãos de visitantes de suas empresas.

O Facebook cancelou uma conferência anual de marketing planejada para março e vários dos principais patrocinadores e expositores se retiraram de uma das maiores conferências mundiais de segurança cibernética em São Francisco.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA divulgou diretrizes recomendando aos empregadores que incentivem o trabalho remoto, principalmente se houver na empresa alguém com febre ou sinais de problemas respiratórios.

Sensibilização do público

Aumentar a conscientização das pessoas sobre a importância de algumas medidas, como lavar corretamente as mãos, é parte-chave da luta contra a transmissão do coronavírus, segundo oficiais de saúde pública dos EUA.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para evitar a propagação do coronavírus, é preciso lavar as mãos regularmente, cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar, evitar contato com pessoas que apresentem sintomas de doenças respiratórias e evitar contato desprotegido com animais selvagens ou de criação.

Hospitais

Como não há tratamento ou cura para o novo coronavírus, hospitais têm investido no alívio dos sintomas.

As principais recomendações são colocar os pacientes em isolamento e garantir que funcionários usem proteção, como máscara, óculos médicos, luvas e jaleco, ao lidar com casos suspeitos.

Todos os equipamentos de uso compartilhado devem ser esterilizados e funcionários devem lavar as mãos constantemente.

Autoridades dos EUA e do Reino Unido preveem que, em caso de surto em grande escala, hospitais poderão adiar procedimentos não-urgentes e oferecer consultas por telefone sempre que possível.

Existe uma preocupação sobre como alguns hospitais que já são sobrecarregados vão lidar com um aumento no número de pacientes.

Medida de isolamento

No Reino Unido, viajantes voltando de áreas afetadas estão sendo orientados a entrar em quarentena voluntária.

Epicentro do atual surto, a cidade chinesa de Wuhan permanece isolada, assim como as cidades mais afetadas no norte da Itália.

Mas especialistas dizem que, conforme o vírus se espalha globalmente, essas restrições se tornam menos eficazes.

Também não é fácil reproduzi-las por toda parte.

"Poucos países, se houver algum, poderiam logisticamente bloquear cidades como a China fez", disse Tom Inglesby, diretor do Centro de Segurança da Saúde da Universidade Johns Hopkins, pelo Twitter.

O americano argumenta ainda que "os bloqueios trazem o risco de separar famílias ou interromper a entrega de medicamentos, alimentos ou suprimentos básicos".

"Eles podem bloquear a circulação de médicos, enfermeiros e suprimentos médicos para hospitais, como foi relatado na China", continuou.