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Estudo mapeia impacto no coração em pacientes hospitalizados com covid-19

Imagem ilustra uma pessoa com problema de saúde no coração - iStock
Imagem ilustra uma pessoa com problema de saúde no coração Imagem: iStock

13/07/2020 11h56

A covid-19 pode afetar o coração das pessoas hospitalizadas com a doença, segundo um novo estudo da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido.

Os pesquisadores analisaram ecocardiogramas de mais de 1.200 pacientes em 69 países entre 3 e 20 de abril. Descobriram que mais da metade de todos os pacientes em quem o exame foi feito apresentaram anormalidades no coração (55%) e que essas anormalidades eram severas em 1 entre 7 pacientes.

Mais de um terço dos pacientes tinham danos nos ventrículos, as câmaras do coração cuja função é bombear sangue para a circulação. Além disso, 3% haviam tido infartos e outros 3%, miocardite, ou inflamação do músculo do coração.

Do total dos pacientes, 26% tinham registros de doença cardíaca pré-existente. A maior parte dos pacientes que o estudo levou em conta eram homens (70%), com média de idade de 62 anos.

Naqueles sem condição cardíaca pré-existente (a maior parte dos pacientes do estudo, 901 pessoas), o ecocardiograma foi anormal em 46% dos casos, e 13% tinham doença severa.

A pesquisa foi observacional, ou seja, feita com um olhar posterior aos dados de pacientes tratados, sem intervenções, e foi publicada no periódico European Heart Journal - Cardiovascular Imaging. Pode ser acessada aqui (em inglês).

Os pesquisadores ressaltaram que, por causa da "logística complexa" da realização de ecocardiogramas, é provável que os exames tenham se limitado àqueles com claras indicações clínicas para tanto, ou seja, em pacientes que já tinham suspeitas de complicação cardíaca, o que pode afetar os resultados do estudo.

"O uso de ecocardiogramas provavelmente diminuiu durante a pandemia por causa de preocupações em relação à transmissão viral, e isso pode contribuir para a seleção de pacientes para o exame", diz a pesquisa. Por isso, não se sabe a prevalência de anormalidades naqueles que não fizeram ecocardiogramas.

O pesquisador principal do estudo, o professor Marc Dweck, disse ao programa Today, da BBC Radio 4, que a pesquisa sublinha "uma oportunidade muito importante para melhorarmos o atendimento aos pacientes".

"Embora esse dano no coração seja potencialmente um problema muito sério para esses pacientes e provavelmente tenha uma influência importante em sua capacidade de sobreviver e se recuperar da doença, agora temos tratamentos muito, muito bons para a insuficiência cardíaca", disse ele.

"E assim, se pudermos identificar pacientes da covid-19 onde haja envolvimento do coração, existe o potencial de oferecer a eles as terapias que podem ajudá-los a melhorar mais rapidamente."

A pesquisa também concluiu que a realização dos ecocardiogramas mudou o tratamento ministrado pelos médicos em 33% dos pacientes, às vezes com mudança no tipo de internação do paciente ou com medicamentos para o coração.

Metodologia

Os ecocardiogramas foram coletados por meio de um questionário online, com 11 perguntas que foram completadas por ultrassonografistas ou médicos depois da conclusão do ecocardiograma.

Dados como idade, sexo, comorbidades, severidade dos sintomas, status da covid-19, presença da pneumonia e o local do hospital onde o exame foi feito foram coletados, além de observações sobre o estado do coração do paciente.

O questionário foi distribuído pela rede da EACVI (European Association of Cardiovascular Imaging, ou associação europeia de ultrassonografia cardiovascular) para a base de dados de cardiologistas no mundo e também divulgado nas redes sociais.

A maior parte dos exames foi feita em países que tiveram alto número de casos: Reino Unido, Itália, Espanha, França e Estados Unidos.