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Atividade física diminui desistência do tratamento pós-cirurgia bariátrica

02/10/2013 17h18

O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza cirurgias de redução de estômago - como é conhecida a cirurgia bariátrica -, atrás apenas dos Estados Unidos.

O rigoroso tratamento depois da cirurgia, que exige redução da alimentação, faz, porém, com que seja alto o índice de desistência. Mas essas taxas caem quando os pacientes conseguem incorporar a atividade física regular ao tratamento, diz o psiquiatra do ambulatório de obesidade da USP (Universidade de São Paulo), Adriano Segal.

"Os índices de abandono do tratamento após a intervenção cirúrgica são muito altos, chegam a 60%. A prática de atividade física regular impacta diretamente no aumento dos índices de manutenção do tratamento", afirma ele.

A importância da realização de atividades físicas no tratamento posterior à operação ainda precisa ser reforçada junto à população, alerta o especialista. Segal explica que, para a eficácia da cirurgia, é necessário um acompanhamento nutricional associado à prática de atividades físicas pensadas de acordo com a saúde de cada paciente, caso contrário, o peso perdido pode voltar com o tempo.

Essa postura envolve mudanças também na relação do paciente com a alimentação. "Além do gasto calórico, essencial para quem precisa perder peso, os exercícios físicos fazem com que os pacientes escolham melhor os alimentos, uma vez que, por questões fisiológicas, o organismo passa a pedir outras fontes alimentares", afirma.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em média, 50% dos pacientes que passam pela cirurgia volta a engordar parcialmente, e cerca de 5% dos operados volta ao patamar inicial, antes de fazer a cirurgia, principalmente pela falta de reeducação alimentar.

Nos últimos cinco anos, o Brasil teve um aumento de 90% nos casos cirúrgicos, de acordo com a SBCBM. Só em 2012, 72 mil cirurgias foram realizadas no país - mais de seis mil pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Os dados representam uma alta na procura da operação em cerca de 300% em relação a 2003, quando foram coletados os primeiros registros da realização da cirurgia bariátrica no país.

O aumento significativo por esse tipo de solução é preocupante, de acordo com o especialista, porque a cirurgia deve ser utilizada apenas em casos extremos, que não sejam resolvidos com tratamentos preventivos, como dietas e atividades físicas.

"O mais importante é manter um estilo de vida saudável, com práticas de exercícios e uma boa alimentação, lembrando que é possível procurar tratamentos antes da cirurgia. Cada caso é um caso e a operação é a alternativa para aquelas pessoas às quais não se aplica mais nenhuma outra técnica", explicou Segal à EFE.