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Contaminação alimentar mata 1,8 mi ao ano, alerta OMS

Jamil Chade<br>De Genebra

09/11/2007 17h09

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que 1,8 milhão de pessoas morrem no mundo por ano por causa de alimentos e bebidas contaminadas. Segundo a entidade, pelo menos 200 casos de fraude e contaminação de grandes proporções são identificados a cada ano nos vários continentes. A qualidade dos alimentos vem se tornando um importante tema político nos debates internacionais e, no caso do mercado europeu, uma série de produtos brasileiros não tem a comercialização autorizada por falta de um controle mais rígido da produção no país.

Para a OMS, o problema da segurança dos alimentos está cada vez mais sério. Segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Saúde, questões como a globalização do comércio de alimentos, urbanização, mudanças em estilo de vida, degradação ambiental, contaminação deliberada e desastres naturais estão incrementando ainda mais os riscos no consumo dos alimentos. "A produção de alimentos está mais complexa, gerando maiores oportunidades para a contaminação e aumento de doenças", alerta a OMS.

Segundo os especialistas, as contaminações não ocorrem apenas nos países emergentes. Nos países ricos, uma a cada três pessoas adquire uma doença via ingestão de alimentos a cada ano. Nos Estados Unidos, os alimentos geraram 325 mil hospitalizações, 5 mil mortes e 76 milhões de incidentes apenas em 2005. Alguns dos maiores casos nos EUA ocorreram com produtos industrializados e, em média, contaminações e fraudes nos alimentos custam US$ 35 bilhões por ano apenas para a economia americana. Em 1994, por exemplo, 224 mil pessoas foram seriamente contaminadas por consumir uma marca de sorvetes.

Nos países em desenvolvimento, a OMS estima que o problema seja ainda mais sério, já que, além dos eventuais problemas com os alimentos vendidos, a água usada para prepará-los nem sempre está em condições adequadas. O resultado é um número de mortes desproporcional ao custo que seria para evitá-las. Em recente documento interno preparado por especialistas da OMS para debater uma estratégia para reforçar a qualidade dos alimentos, a entidade sugere que "todas as tecnologias disponíveis" sejam usadas pelas empresas, como pasteurização, irradiação de alimentos e fermentação.

Relações Internacionais

A qualidade dos alimentos também vem afetando a relação entre os países. Na Europa, controles cada vez mais rígidos da produção estão exigindo que as autoridades de Bruxelas estabeleçam regras para os países estrangeiros que queiram exportar alimentos para o mercado local. Uma série de produtos brasileiros já foi colocada em listas de exceção. Esse é o caso do mel, ovos, leite, algumas carnes e outros produtos.

No ano passado, os europeus passaram a exigir novos controles sanitários para a comercialização do peixe brasileiro. O Itamaraty e o Ministério da Agricultura chegaram a alertar que não aceitariam medidas de restrição que não estivesse baseada em provas científicas, mas acabaram acatando as exigências dos europeus.