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Estados pobres pagam 5 vezes mais por remédio

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

03/12/2007 13h13

O preço dos remédios que os governadores compram para abastecer as farmácias públicas varia - e muito - conforme o Estado. Um governador chega a pagar cinco vezes mais que outro pelo mesmo medicamento. É o caso do micofenolato mofetil, droga que deve ser tomada por transplantados para evitar a rejeição do novo órgão. Enquanto São Paulo paga R$ 1,59 por comprimido, o Acre desembolsa R$ 8,17. Uma variação de 414%.

O governo paulista e o gaúcho gastarão até o final deste ano praticamente o mesmo valor de R$ 5,5 milhões para comprar o micofenolato mofetil para seus pacientes, mas São Paulo atenderá 2.603 transplantados. O Rio Grande do Sul, apenas 1.850.

Essas diferenças foram constatadas por um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo nas Secretarias Estaduais de Saúde. Das 27 secretarias, 14 informaram quanto pagam aos fabricantes ou aos distribuidores (AC, TO, CE, RN, PI, SE, BA, MT, MG, SP, ES, PR, SC e RS). As diferenças variam de 23,5% a 414%.

A atorvastatina cálcica, indicada para o tratamento do colesterol, custa R$ 5,49 para o Acre e R$ 3,05 para Mato Grosso. O mesmo comprimido de 10 mg cai para R$ 2,54 quando o comprador é a Bahia e para R$ 2,47 quando é São Paulo.

Há vários motivos para a brutal diferença. Paga menos quem compra diretamente dos fabricantes, e não por intermédio de distribuidores. O preço também cai quando a compra é feita por pregões online (leilões em que o valor dos lances, em vez de aumentar, diminui). "É mais fácil quando você não entra em negociação pessoal com cada um dos vendedores", diz o secretário de Saúde do Paraná, Gilberto Martin.

O motivo mais forte, concordam as Secretarias de Saúde e as indústrias farmacêuticas, é a lei do mercado: paga menos quem compra mais. O Acre, por exemplo, fornece ribavirina para 119 pacientes de hepatite. São Paulo, para 3.641. Por isso, para cada comprimido, o Acre desembolsa o dobro do valor pago por São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo