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Hospital São Luiz reprova 65% dos candidatos em enfermagem

07/12/2007 10h18

São Paulo - Faltam profissionais qualificados na área de enfermagem em São Paulo. O alarde veio à tona com o processo seletivo realizado pelo Hospital São Luiz para contratação de enfermeiros e auxiliares para a unidade a ser inaugurada em janeiro, no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo. Dos 6.846 candidatos que prestaram a prova - entre agosto e outubro - 4.449 foram reprovados por não atingirem a pontuação mínima.

O índice de 65% de reprovação serve como "termômetro" do nível da formação dos profissionais, afirmam as entidades representantes da categoria - Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e sindicatos. "Assistimos nos últimos anos uma proliferação indiscriminada de escolas técnicas e faculdades de enfermagem", alerta Ana Lúcia Firmino, diretora do departamento jurídico do Sindicato dos Enfermeiros de São Paulo.

Segundo o Coren, hoje são cerca de 100 cursos de graduação superior para enfermeiros no Estado e outras 500 escolas técnicas de enfermagem apenas na capital paulista e Grande São Paulo. "Não temos o número exato, porque as estatísticas mudam todos os dias", explica a coordenadora de ensino do Coren, Rosa Yuko Morais. "Por isso, aumentamos o rigor na fiscalização das instituições", completa Rosa, que já cogita implantar um teste de capacitação, aos moldes do aplicado pela Organização dos Advogados do Brasil (OAB).

Rosa cita os erros cometidos pelos enfermeiros. Pela primeira vez, em 2006, foram computadas as ocorrências e o número chegou a 980, quase três por dia. O Coren diz que 80% dos casos são referentes a vícios na formação e, apesar do dados de 2007 não estarem tabulados, a tendência é de aumento.

A formação acadêmica deficitária é agravada pelas condições de trabalho dos enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. A carga horária não é regulamentada, varia entre 20 e 40 horas semanais, e muitos precisam de mais de um emprego para sobreviver. Na prova de seleção do São Luiz, por exemplo, há maior dificuldade em preencher as vagas no período matutino e vespertino. "A maioria tem duplo vínculo, ninguém quer trabalhar de dia ou de tarde", diz a diretora de RH da unidade, Rita Sevilha. As informações são do Jornal da Tarde

AE

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