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Brasileiros mais ricos imunizam menos, aponta estudo

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

18/02/2008 09h24

Os estratos mais ricos da população brasileira têm registrado, em estudos, uma tendência a apresentar coberturas vacinais mais baixas. "A suspeita é que, como as doenças que essas vacinas combatem estão controladas, caso da coqueluche e da difteria, não há temor. Há ainda a questão da medicina alternativa, que muitas vezes não recomenda as vacinas, além do medo dos eventos adversos. Às vezes a pessoa encontra mais informação sobre os eventos adversos da vacina, que são raros, do que sobre as doenças que ela combate", afirma o epidemiologista José Cássio de Moraes, responsável por estudo que o Ministério da Saúde realiza sobre as coberturas vacinais.

O Ministério da Saúde está revisando a cobertura de vacinas do calendário básico da criança em razão de possíveis falhas no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Divulgado em maio do ano passado, antes do início da avaliação, o último relatório sobre coberturas vacinais diz que o País tem índices satisfatórios de cobertura das principais vacinas e controle adequado das doenças que elas previnem, mas identifica déficits localizados que podem trazer risco de reintrodução ou introdução de doenças. Leia mais
POSSÍVEIS FALHAS
Moraes lembra que, em 2005, quando o Brasil registrou seis casos de sarampo - a doença foi trazida por um surfista que voltava das Ilhas Maldivas -, uma criança que estava no mesmo avião do rapaz foi contaminada porque seus pais tinham decidido que ela não deveria ser imunizada.

Na capital paulista, por exemplo, um estudo realizado pela Santa Casa em 2002 revelou coberturas vacinais baixas em todos os estratos sociais, mas ainda piores entre pessoas com melhores condições. Ao final do primeiro ano de vida, a cobertura para o esquema completo de vacinação variava entre 60% no estrato A e 75% no estrato E. Para Moraes, talvez seja necessário intensificar as propagandas e informações sobre as vacinas, além de campanhas pontuais do governo.

Especialistas apóiam a revisão dos dados sobre a cobertura que está em curso no país. Para o infectologista Vicente Amato Neto, professor emérito da Universidade de São Paulo, a revisão da cobertura vacinal é necessária para que se garanta a qualidade do programa de imunização. Já o epidemiologista Euclides Castilho, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, destaca que revisar dados é praxe em países como os EUA, que recentemente corrigiu informações sobre infectados pelo HIV.

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo destacou que dados preliminares de 2007 apontam melhoria das coberturas vacinais da capital, que não atingiu algumas das metas em 2006. Os dados ainda não foram enviados ao Ministério da Saúde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo