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Ministério vai discutir mudança em fila do fígado

13/03/2008 09h58

São Paulo - O Ministério da Saúde informou ontem que prepara para o próximo mês uma discussão sobre possíveis mudanças nos critérios utilizados há quase dois anos no Brasil para organizar a fila do transplante de fígado, a maior do País, hoje com 6.452 pessoas. Até julho de 2006, a espera por um fígado era organizada pela ordem cronológica, ou seja, quem se inscrevia primeiro na lista tinha prioridade - e pacientes à beira da morte, mas que tinham chegado depois, não eram atendidos. O critério Meld passou a considerar o estado de saúde dos doentes e também situações especiais, como portadores de câncer.

No entanto, dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, onde está mais de 50% da fila, indicam que ao mesmo tempo em que o critério diminuiu inscrições desnecessárias na fila, que eram feitas apenas para 'guardar lugar', não conseguiu reduzir a mortalidade na espera, como revelou ontem o jornal O Estado de S. Paulo. Em São Paulo, houve aumento da mortalidade, mas o fenômeno ainda não está bem explicado, pois pode estar associado a um melhor acompanhamento das mortes que ocorrem na fila. Estudos apontam ainda que pode ter ocorrido um melhor atendimento a portadores de câncer do que a outros doentes também graves. Segundo informou o ministério, dados preliminares de um estudo nacional corroboram a situação.

"Havia críticos e defensores do Meld. Os críticos diziam que haveria aumento da mortalidade após os transplantes; os defensores, que ocorreria uma queda da mortalidade na fila. Não aconteceu uma coisa nem outra", afirmou ontem Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Atenção Especializada do ministério. Uma das mudanças possíveis, exemplifica, é reduzir a pontuação especial dada aos pacientes com câncer para auxiliar outros doentes.

A pasta destacou, no entanto, que mais importante do que mudanças no Meld é melhorar a captação de órgãos no País, onde ainda em apenas 20% dos casos de morte encefálica os órgãos vão para transplante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

AE