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Larvicida ajuda Rio das Ostras-RJ a eliminar dengue

Roberta Pennafort<br>Do Rio

28/03/2008 20h00

Graças ao uso do biolarvicida Bt-horus, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e a outras medidas de prevenção à dengue, a cidade de Rio das Ostras, no Rio, teve apenas um caso confirmado da doença neste ano (um adulto que passa bem), e 14 notificações. Durante a epidemia de 2002, o número de notificados na cidade chegou a 748; no ano passado, nova marca alarmante: 317 registros. A turística Rio das Ostras, que fica na região da Baixada Litorânea, tem 75 mil habitantes, mas, no verão e em feriados prolongados, a população chega a ser quadruplicada.

O inseticida biológico, que é atóxico e bastante eficaz contra as larvas de Aedes aegypti, começou a ser testado na cidade em 2005. No ano seguinte, passou a ser utilizado em larga escala. Os agentes sanitários - cem no total, com previsão de contratação de mais 50, segundo o prefeito Carlos Augusto Carvalho Balthazar - colocam o Bt em caixas d'água, ralos, tonéis e outros tipos de depósito de água. À população, são distribuídas embalagens de 30 mililitros, para que todos possam ajudar na luta contra o mosquito.

"As visitas são feitas diariamente; passamos de casa em casa", explicou o diretor de Vigilância Sanitária do município, Leônidas Heringer, orgulhoso. "O número do Estado está mais alto do que no ano passado, mas aqui está menor." Para o prefeito, o segredo do sucesso por lá é o comprometimento da população (que não pára de crescer; nos últimos seis anos, aumentou em 105%).

Outras cidades

Além de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, três cidades do país usaram o inseticida natural: São Sebastião, no Distrito Federal; Três Lagoas, Mato Grosso do Sul; e Sorriso, no Mato Grosso. A diferença desse produto com os larvicidas usados no Programa Nacional de Dengue é a forma de aplicação. O próprio dono da casa se encarrega de colocar as gotas do produto em áreas onde criadouros se formam.

"É uma ajuda poderosa, principalmente quando se leva em conta a resistência de moradores em deixar agentes de saúde entrarem em suas casas", afirmou a pesquisadora que desenvolveu o produto, Rose Monnerat. Feito em parceria com a empresa Bthek, o produto, batizado de Bt-horus, também é testado pelo Ministério da Saúde. Porém, não há data para o governo decidir sobre a adoção do inseticida.

Em São Sebastião, segundo o diretor técnico da Bthek, Marcelo Soares, o índice de infestação, que era de 4 (quatro focos do mosquito em cada cem casas visitadas) passou para menos de 1. Em Três Lagoas, 25 mil frascos do inseticida foram distribuídos em 9 bairros da cidade onde havia maior número de criadouros. Segundo Soares, somente cinco casos da doença foram registrados onde o produto foi aplicado. Nos 16 bairros restantes, 340 casos de dengue foram contabilizados.