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Coral ajuda na luta contra mal de Parkinson, dizem especialistas

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

16/06/2008 08h45

"Quem canta, seu mal de Parkinson espanta." A frase, dita entre risos pelo presidente da Associação Brasil Parkinson (ABP), Samuel Grossmann, define bem a razão de ser do coral de pacientes com Parkinson e pioneiro no País: minimizar os efeitos da doença na voz e, de quebra, melhorar a auto-estima dos coristas.

"O mal de Parkinson torna a voz cada vez mais trêmula, monótona e fraca", explica Mara Behlau, fonoaudióloga do Centro de Estudos da Voz (CEV), em São Paulo. "O paciente transmite a impressão de estar mais doente do que realmente está." A doença, incurável, afeta o sistema nervoso, prejudicando os movimentos. Causa tremores, rigidez muscular e desequilíbrio.

Mara idealizou o coral há dez anos. Atuando na instituição desde que os trabalhos começaram, ela queria encontrar um bom exercício para acompanhar o serviço de fonoaudiologia gratuito que o CEV oferece aos parkinsonianos da associação. "O coral surgiu naturalmente." Os ensaios são abertos e ocorrem no auditório da associação nas tardes de quinta-feira. Participam, em média, 40 pessoas todas as semanas. Cerca de 150 parkinsonianos já se beneficiaram com a iniciativa.

A fonoaudióloga Rosyane Faukas assistiu um dia à apresentação do coral. Ficou emocionada. Ofereceu-se para ajudar e, desde então, anima os encontros com violão. "Eles gostam muito de seresta, mas também tocamos MPB."

Rosyane e Mara conduziram uma pesquisa científica sobre o efeito do coral na voz dos parkinsonianos. Participaram 12 homens e 17 mulheres que freqüentam os ensaios. As pesquisadoras gravaram exercícios vocais antes e depois dos encontros. Concluíram que houve melhora no "tempo de fonação" e "diminuição da instabilidade" da voz. "A participação no coral não cura de uma vez as deficiências na fala", explica Mara. "Como o Parkinson é uma doença degenerativa, a melhora permanece enquanto o paciente exercita o canto." Elas pretendem mostrar os resultados no 13º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.