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Descobertos mil casos por dia no mundo de mieloma múltiplo

13/08/2008 15h00

São Paulo - Atualmente, são descobertos cerca de mil casos de mieloma múltiplo por dia no mundo, de acordo com dados do National Cancer Institute. O número é quatro vezes maior do que os casos de leucemia. Esses são alguns índices que alertam para esse tipo de câncer de medula que atinge as células plasmáticas (produtoras de anti-corpos), não tem cura, mas o diagnóstico precoce ajuda na qualidade de vida do paciente.

"O mieloma múltiplo é um câncer que atinge a medula óssea, material que preenche os ossos e popularmente é conhecido como tutano. Nesse tipo de doença há uma célula que invade a medula, que se chama plasmócito. A causa é desconhecida. Pode até haver mais de um caso na família, mas não é genético", afirma Vânia Tietsche de Moraes Hungria, professora adjunta da disciplina de hematologia e oncologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e diretora técnica da International Myeloma Foundation Latin America.

De acordo com Vânia, o mieloma múltiplo costuma atingir adultos acima de 60 anos. "Mas também temos encontrado casos em pessoas jovens", diz. Os sintomas provocados por esse mal aparecem lentamente. "O paciente começa a apresentar anemia, dores ósseas, problemas renais e fraturas patológicas. Como o sistema imunológico está comprometido, a pessoa também pode passar a ter infecções", explica João Carlos de Campos Guerra, médico hematologista, hepatologista clínico e vice-presidente do Centro de Hematologia de São Paulo e dos hospitais Albert Einstein e São Luiz Morumbi, ambos na capital paulista.

Para fazer o diagnóstico, os médicos pedem aos pacientes que façam exames específicos. "São pedidos a eletroforese de proteína e a imunofixação de proteína no sangue e na urina e o mielograma (estudo da medula óssea)", afirma Vânia. "O hemograma e o proteínograma, além de um Raio X do esqueleto também são solicitados", complementa Guerra.

Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor para o paciente. "O diagnóstico precoce ajuda na qualidade de vida", alerta Vânia. "Mas, infelizmente, no Brasil o mieloma múltiplo é descoberto quando a doença já está muito avançada. Nos Estados Unidos, 25% das pessoas descobrem esse mal realizando exames de rotina", diz.

Tratamento

O tratamento, de acordo com Guerra, é feito com aplicações de quimioterapia e corticosteróides, talidomida e medicamentos específicos. "E quem tem condições clínicas satisfatórias pode fazer o transplante autólogo da medula óssea (altas doses de quimioterapia com resgate de células-tronco hematopoéticas). Para quem esse procedimento não é recomendado, o tratamento é feito com quimioterapia", diz Vânia.

O mais importante, segundo a médica, é estar atento aos sintomas e sinais. E quando a doença é descoberta, o paciente precisa ser bem hidratado e receber medicação correta para que seus ossos não enfraqueçam. "É importante que ele tenha excelente qualidade de vida. A terapia de suporte é fundamental", enfatiza Vânia.

Adriana Bifulco