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Cidades carecem de estrutura para atender aos idosos mais ativos

06/10/2008 14h27

São Paulo - Esqueça a imagem do senhor de pijamas, sentado em frente à TV ou lendo jornais e a senhora fazendo tricô ou dedicada apenas aos afazeres domésticos. Hoje, as pessoas com idade acima de 60 anos estão mais ativas. Elas vão à academia, viajam, vão ao teatro com grupos, fazem faculdade e compras pela internet. E, apesar de vários fatores contribuírem para que isso acontecesse, as cidades ainda não têm a estrutura ideal para atender ao idoso.

"Não temos mais guerras, epidemias, o progresso da medicina fez aumentar os diagnósticos precoces e a informação divulgada através da mídia incentivou as atividades físicas e a reeducação alimentar. Além disso, as pessoas tornaram-se mais preparadas para enfrentar a velhice", explica Alfredo Salim Helito, clínico geral, médico de família e integrante do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Segundo Helito, a população de idosos vai superar a de crianças, principalmente porque os casais têm optado por ter um único filho. "No entanto, a sociedade ainda não está totalmente preparada para receber o idoso", enfatiza.

De acordo com o especialista, as cidades não têm estrutura adequada para os vovôs caminharem. "Deveriam ser colocados pisos especiais para facilitar a locomoção deles. Subir e descer dos ônibus também não é tarefa das mais fáceis. Entrar no cinema depois que o filme já começou também pode ser sinônimo de uma queda", alerta.

Além da infra-estrutura, a maioria da programação de entretenimento da cidade volta-se para o atendimento aos mais jovens. Os idosos encontram diversão em grupos organizados, como os da terceira idade. Por isso José Carlos Villela, médico geriatra da rede de Hospitais São Camilo (Pompéia, Ipiranga e Santana), aconselha os mais jovens a não deixarem seus pais, tios ou avós saírem sozinhos.

Em casa

"Por melhores que eles estejam, é importante também cuidar da segurança dos idosos em casa, retirando tapetes, mesinhas de centro e não deixá-los sozinhos. Também é fundamental deixar uma luz acesa dentro da residência durante a noite, para evitar quedas, instalar corrimões no banheiro e campainhas ao lado da cama que os vovôs possam tocar caso precisem de algo no meio da madrugada", aconselha o Villela, que orienta os filhos e netos a prestarem atenção no comportamento dos mais velhos.

"A maioria dos pacientes que atendo estão com depressão. É importante notar se os vovôs estão muito apáticos, esquecidos, preferem ficar isolados, apresentam alterações de comportamento, hipersonia ou hiposonia (excesso ou falta de sono, respectivamente)". Para enfrentar a terceira idade de com saúde e disposição, Villela aconselha as pessoas a procurarem o geriatra entre os 40 e 45 anos. "O profissional vai avaliar o paciente e tentar pinçar doenças hereditárias através de exames clínicos, físicos e laboratoriais. Também dará orientação nutricional e recomendará atividades físicas", afirma.

Adriana Bifulco