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Doutores da Alegria ajudam no tratamento de doentes, dizem médicos

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

27/10/2008 10h00

Duas vezes por semana, vestidos de palhaço, dois artistas passam cerca de seis horas na ala pediátrica do Hospital do Campo Limpo, em São Paulo. Interagem com cada criança, fazem brincadeiras, arrancam gargalhadas. Essas visitas dos Doutores da Alegria, que se repetem em outros 27 hospitais do país, somando 75 mil encontros anuais, fizeram com que 85,4% das crianças apresentassem evidências clínicas de melhora, segundo os profissionais que as acompanham.

Além disso, segundo os médicos dos hospitais visitados, 89,2% das crianças passaram a colaborar mais com os profissionais de saúde, 74% passaram a aceitar melhor remédios e tratamentos, 77% começaram a se alimentar melhor e 96,3% ficaram mais à vontade no hospital.

Os dados fazem parte de uma avaliação de impacto do programa de visita dos artistas aos hospitais, um projeto que começou no início dos anos 90 e que segue a linha de humanização da saúde nas unidades, defendida por organismos como a Organização Mundial da Saúde.

A permanência do palhaço não é pontual, há uma continuidade no trabalho, eles voltam todas as semanas e a influência nas crianças e nas relações fica quando ele vai embora", explica Luís Vieira da Rocha, diretor-executivo do Doutores da Alegria. "Há um pragmatismo e uma hierarquia nas relações do hospital. Os palhaços levam delicadeza, criam situações leves, com a permissão das pessoas. Isso mexe com o ambiente. Você vê o médico entrando na brincadeira", diz.

Sensibilidade

A pesquisa analisou questionários de 567 profissionais de saúde de hospitais de São Paulo e do Rio: 47% deles atuam em enfermarias, 15,2% em UTIs e 7,6% em ambulatórios. Acompanhando as crianças, 45% deles afirmaram também que a presença dos palhaços abriu espaço para que a equipe médica discutisse questões delicadas e sensíveis e 49% disseram que a equipe se tornou mais coesa.

Até mesmo a relação com a família melhora: 90% delas ficam mais confiantes com o tratamento e 89% passam a brincar mais com as crianças. "A pesquisa se insere num trabalho de avaliações feito há anos e responde questões da própria sociedade sobre a efetividade de uma atuação desse tipo", conta Morgana Masetti, coordenadora de pesquisa da organização.