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Câncer infantil é a doença que mais mata entre os 5 e os 18 anos

05/01/2009 11h34

São Paulo - Dados publicados no mês passado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica mostram que, apesar de o câncer infantil ser raro quando comparado aos outros tipos de tumor - corresponde a 3% do total -, já é a doença que mais mata no País entre os 5 e os 18 anos. A evolução se explica pelo avanço que o Brasil obteve no combate às doenças infecciosas, que eram uma das principais causas de mortalidade nesta fase.

Entre todas as causas de morte da faixa etária (doenças, causas externas, etc.), o câncer só perde para os acidentes. Os números trazem ainda um novo desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS): garantir o tratamento adequado. Problema que se torna ainda mais urgente diante dos estudos que mostram que é possível alcançar taxas de cura de 70% ou mais com a terapia adequada, pois o câncer pediátrico responde melhor à quimioterapia.

Além disso, é necessário orientar a população sobre os sinais e sintomas, como dores no corpo, febre, muito parecidos com os de diversos problemas de saúde infantis - os pais devem desconfiar da possibilidade de câncer quando eles não passam depois de tratamentos, apontam especialistas da área. No caso do câncer infantil, é o diagnóstico precoce que faz a diferença, uma vez que não se pode falar em prevenção porque a doença não tem relação com hábitos como fumo ou tomar sol sem proteção, caso de alguns cânceres de adultos. A grande maioria dos cânceres infantis é decorrente de alterações genéticas.

O Inca iniciou neste ano um fórum para discutir políticas públicas em relação à doença. "O debate abordará do fortalecimento de centros de tratamento (hoje são 59 no País, 26 deles no Sudeste e apenas 2 no Norte) à necessidade de revisão do financiamento da assistência", diz Maria Tereza Costa, coordenadora da iniciativa. "O SUS paga só a metade de alguns dos procedimentos. Ainda temos crianças com câncer no Brasil que morrem por serem brasileiras (por não terem acesso ao tratamento)", diz o oncologista Antônio Sérgio Petrilli. "É preciso que isto seja prioridade."

Fabiane Leite