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Consumo de ketamina aumenta entre jovens britânicos

16/01/2009 07h02

Jovens nas grandes cidades britânicas estão consumindo cada vez mais ketamina, um tranqüilizante de cavalos que pode causar alucinações e levar à paralisia do usuário, segundo um estudo feito pela entidade beneficente britânica DrugScope.

Segundo a organização, os usuários estão ingerindo doses maiores e, além de cheirar o pó e tomar comprimidos da droga, muitos estão injetando a substância direto na veia para efeitos mais fortes.

O aumento no uso da ketamina foi verificado em nove de 20 áreas pesquisadas, entre elas, nas cidades inglesas de Londres, Birmingham, Bristol e Sheffield.

Drogas estabelecidas, como cocaína, maconha e ecstasy, continuam, no entanto, sendo as preferidas dos britânicos.

Mas uma estimativa divulgada pelo Ministério do Interior revela que, entre as quatro principais drogas usadas por pessoas entre 16 e 59 anos no país, ketamina é a única a registrar um aumento no consumo em 2007 e 2008.

ClubberA ketamina foi declarada ilegal pelas autoridades britânicas há três anos, após ter sido verificado um aumento de sua popularidade como droga de recreação.

Seu uso médico, em baixas doses, como anestésico ou tranqüilizante de cavalos, continua sendo permitido por lei.

Uma pesquisa feita pela revista da DrugScope, Druglink, revelou que, à medida em que o preço da droga cai, usuários fazem experiências com doses cada vez maiores.

O preço de um grama de ketamina caiu cerca de um terço nos últimos três anos, custando hoje cerca de RS$ 68, a metade do preço de um grama de cocaína.

A droga é particularmente popular nas pistas de dança britânicas.

Em doses baixas, o usuário pode ficar eufórico, sentir ondas de energia e possivelmente sinestesia - ou seja, "ver" sons e "ouvir" cores.

Para intensificar seus efeitos, muitos vêm injetando a droga, o que aumenta os riscos de infecções por vírus.

Doses mais altas podem levar à paralisia do usuário. Ele pode sofrer alucinações, vivenciar realidades múltiplas e uma sensação de dissociação consigo próprio e com os outros. Alguns dizem ter tido a sensação de estar fora do próprio corpo.

AcidentesOs pesquisadores verificaram que, apesar do aumento no uso de ketamina, este ainda é baixo quando comparado ao consumo de drogas como maconha, cocaína e êxtase.

Segundo a DrugScope, por seu efeito intenso, a droga desperta reações de amor e ódio: muitos não gostam da ketamina.

Ela foi associada às mortes de 23 pessoas entre 1993 e 2006. Mas a entidade esclarece que as mortes foram resultado de desorientação por parte do usuário, levando a acidentes, e não como conseqüência de seus efeitos tóxicos.

O diretor da DrugScope, Martin Barnes, disse que os jovens subestimam os perigos associados à droga.

"Os danos da ketamina aumentam consideravelmente em doses altas e os que a injetam ainda correm o risco de se expor ao vírus da hepatite C e ao HIV".

DepoimentoEm entrevista à revista Druglink, uma usuária, hoje com 35 anos, disse que começou a tomar a droga aos 16.

Ela explicou que quem vê um usuário vomitando, rolando pelo chão, incapaz de falar, não sabe que, internamente, a pessoa está tendo alucinações maravilhosas.

Mas hoje acha que a ketamina deve mesmo ser proibida, porque muitos de seu grupo acabaram ficando dependentes da droga e ainda hoje sofrem para se livra do hábito.