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Uso de substância em bioplastias virou 'epidemia', alerta médico

Fabiana Cimieri

Em São Paulo

09/02/2009 11h45

O médico e integrante da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Federal de Medicina (CFM) Carlos Alberto Jaimovich chama de "epidemia" o uso do polimetilmetacrilato (PMMA) em procedimentos estéticos. "O PMMA se tornou uma verdadeira epidemia que tem sido aplicada de maneira indiscriminada." De acordo com estudo feito pelo cirurgião plástico e membro da Academia Nacional de Medicina Claudio Cardoso de Castro, a substância pode mudar de lugar no organismo, gerando deformidade e até mutilação nos pacientes.

Segundo ele, "o resultado imediato (da aplicação), na maioria das vezes, é fascinante, mas, em um porcentual pequeno, o resultado inicial não tem solução". "O que estamos vendo agora é que ao longo do tempo observamos o endurecimento da região, migração e processo inflamatório cíclico incurável", diz o médico. O problema é que, após o uso, as moléculas do PMMA formam pequenas gotículas que são absorvidas pelo tecido. É o que garante o caráter permanente, embora estudos recentes mostrem que pode haver migração para outros locais do corpo. Para controlar os casos de inflamação, os pacientes são obrigados a tomar antibióticos e corticoides.

Infecção

Uma mulher de 45 anos, atendida no Hospital Universitário Pedro Ernesto, fez uma bioplastia com PMMA há um ano, injetando a substância nas "maçãs" do rosto para adquirir um ar mais jovial. Um mês depois, teve uma infecção no local, que vai e volta, sem desaparecer por completo. O tratamento requer o uso contínuo de corticoide e massagens. Além disso, ela está com vermelhidão e secreção no olho esquerdo. "Pode ser que ela tenha que passar por uma cirurgia para tentar retirar o PMMA, mas é difícil porque ele adere nos tecidos", explicou o cirurgião plástico Claudio Cardoso de Castro, que acompanha pacientes com problemas após o uso do PMMA.