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Diálogo entre casais pode ajudar no tratamento da disfunção erétil

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

17/04/2009 13h20

Vergonha. Angústia. Medo de fracassar. Sentimentos como esses fazem o homem com disfunção erétil (DE) evitar a mulher, que encara a distância conjugal como sinal de infidelidade. A falta de diálogo entre os parceiros que passam pela DE norteou uma pesquisa conduzida pelo psicólogo Oswaldo Rodrigues, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade. Segundo Rodrigues, muitos homens com DE evitam todo tipo de contato físico com a mulher por temerem que ela queira sexo.

BBC/Nasa/STScI/IfA/C. Ma et al.
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"Ao analisar 200 casais percebi que 85% das mulheres desses pacientes acham que o marido tem outra mulher e por isso já não manifesta desejo por ela", conta. "Até a troca de carinhos durante um filme que se vê a dois desaparece, provocando um distanciamento entre o casal, com grande prejuízo emocional", diz. Outros, de acordo com Rodrigues, depositam na companheira a culpa pelo desempenho insatisfatório. "Muitos acreditam que se a parceira for bonita e jovem o problema desaparecerá, mas isso não é verdade. Cerca de 82% dos homens que procuraram uma nova parceira perceberam que o problema persistia."

Na opinião de Rodrigues, a DE tem uma carga psicológica intensa porque perturba a autoidentificação do paciente com o gênero masculino. "Ele sente-se menos homem, ou meio homem, porque acredita que só será macho se for capaz de cumprir as funções sexuais que acredita estarem designadas ao homem: ereção e penetração. Essa visão tacanha, de que sexo é algo só genital, se aprende desde a infância. É por isso que muitos escondem o problema da DE por anos", explica.

Pressão

Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Seccional São Paulo e professor titular de urologia da Unicamp, Ubirajara Ferreira acredita que o embaraço conjugal trazido pela DE - mediado por desconfianças e cobranças - agrava ainda mais a situação. "O homem já está com dificuldades e aparece um problema ainda pior com a esposa. Isso vira uma bola-de-neve, que só melhora quando pedimos que a parceira venha ao consultório. O homem fala muito pouco; falta diálogo com a parceira", analisa.

A pressão conjugal advinda com a dificuldade sexual entra na gama de fatores emocionais que interferem na DE. "Há estudos minuciosos sobre as causas orgânicas da DE, mas na prática diária o que observamos é que os fatores psicológicos também estão associados à piora do quadro. Em 70% dos casos há a influência de um fator psicológico: pode ser o estresse, o receio da crise econômica, a falta de estímulo ou fantasia no relacionamento e até as cobranças por parte da companheira", detalha.

AE