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Presidente pede a mexicanos que não saiam de casa

30/04/2009 05h28

O presidente do México, Felipe Calderón, pediu aos mexicanos que evitem sair de casa ente os dias 1 e 5 de maio. O pedido foi feito horas depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter elevado o nível de alerta referente ao surto de gripe suína de quatro para cinco, um abaixo do estágio máximo da escala, o que caracterizaria uma pandemia. A OMS afirmou que o risco de pandemia global da gripe suína passou a ser considerado "iminente".

Em um comunicado transmitido pela TV na quarta-feira à noite, Calderón lembrou que o governo vai suspender as atividades em repartições públicas entre os dias 1 e 5 de maio. O governo pede que a iniciativa privada adote medidas semelhantes.

O presidente Calderón também expressou suas condolências às famílias que perderam alguém por conta da gripe suína.

Durante entrevista coletiva realizada na mesma noite, o ministro da Saúde mexicano, José Ángel Córdova, afirmou que seguirão funcionando os serviços de transporte, bancários, de comunicações, postos de gasolina, supermercados, coleta de lixo, provisão de bens e de saúde.

O ministro tentou dissociar as novas medidas anunciadas pelo governo do alerta da OMS, e disse que muitas das medidas recomendadas para o nível 5 já vinham sendo adotadas.

"No México a situação não muda (com o anúncio da OMS)", disse. "Todos os países devem maximizar as ações para evitar uma pandemia."

Questionado sobre o controle da situação, Córdoba disse que "nada está escapando das mãos", do governo.

Casos
A mudança nos números de casos e mortes divulgados nos últimos dias foi justificada pela dificuldade de "estabelecer uma técnica" para confirmar as infecções pela doença.

Segundo o ministro, os exames e o diagnóstico para este vírus são muito especiais e não podem ser feitos "no laboratório da esquina".

Graças aos novos métodos, outros 99 casos foram diagnosticados e outras oito mortes causadas pela gripe foram confirmadas no país.

"As cifras subirão à medida que vão saindo os resultados. Amanhã teremos 140 mais para confirmar", disse.

Córdoba ressaltou que, em muitos dos casos analisados, se detectou um padrão de "atendimento (médico) tardio" aos pacientes.

O ministro garantiu ainda que a capacidade nos hospitais até agora é suficiente e que o governo está pedindo aos profissionais do setor que não abandonem os serviços.

"O profissional da saúde tem riscos, é quem lida com o paciente, mas tem que ter responsabilidade."

Impacto econômico
Na mesma entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Agustín Carstens, garantiu que o surto de gripe suína terá um impacto na economia, mas disse que não há forma de ter medi-lo diariamente e a nível nacional.

"A magnitude do evento vai depender, certamente, da duração e propagação da epidemia."

O titular da Fazenda disse que é possível usar o conhecimento de outras economias que passaram por casos similares, como as asiáticas, e aplicá-lo à realidade mexicana.

"Em um caso como o que se apresentou na Ásia, o impacto poderia ser de 0,3% a 0,5% do PIB, considerando que possa durar até 3 meses."

A recuperação da economia, disse Carstens, será rápida e imediata, já que, em um caso como este, não há destruição da infraestrutura, como em um desastre natural, por exemplo.

Carstens destacou ainda que, no momento, "não há restrição de orçamento para atender a este evento" e que o governo tem os recursos financeiros necessários para combater a doença.

*Com informações da Redação da BBC Brasil em Londres