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Mexicanos dão sinais de estarem mais relaxados diante de gripe suína

04/05/2009 07h45

No mesmo fim de semana em que o governo do México afirmou que o ciclo da gripe suína no país estar em declínio, a população mexicana começou a dar sinais de estar mais relaxada em relação à doença.

Durante o fim de semana de feriado prolongado, muitos moradores da Cidade do México ignoraram os pedidos do governo para que ficassem em casa e evitassem aglomerações, e viajaram para as praias. Os que permaneceram na capital promoveram festas em casa, já que bares, restaurantes e centros de lazer continuam impedidos de funcionar até terça-feira. Aos poucos, mais pessoas começam a sair às ruas e muitos moradores de cidades afetadas já dispensam o uso de máscaras. Nesse cenário, o governo anunciou novas diretrizes para tentar conter a epidemia, como o distanciamento de 2 metros entre as pessoas e a eliminação das gravatas no vestuário masculino. "São peças pouco lavadas e onde o vírus se acumula facilmente", explicou o ministro da Saúde mexicano, José Córdova. No domingo, ele disse acreditar que a epidemia do vírus H1N1, responsável pela gripe suína que já causou 22 mortes no país, já está "em fase de declínio".

Segundo Córdova, o pico se deu entre os dias 23 e 28 de abril e a tendência é de estabilização. "A entrada de pacientes nos hospitais diminuiu e o estado de saúde dos pacientes que foram internados já não é tão grave", disse. O governo, no entanto, não descarta a possibilidade de um novo pico de contágio, comum em epidemias deste tipo. Por isso, decidiu manter as medidas preventivas adotadas desde 17 de abril no país.

Discriminação Nesta madrugada, o presidente Felipe Calderón enviou um avião à China a fim de facilitar o retorno de mexicanos ao país.

Após confirmar um caso de gripe suína em um visitante mexicano, o governo chinês decretou quarentena no hotel onde o passageiro se hospedou e mantém em observação 44 mexicanos e 12 chineses que estavam no mesmo voo. A chancelaria mexicana disse que as medidas são injustificadas, contrariam as disposições emitidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e atentam contra os direitos humanos e a dignidade.

O governo do México informou ainda que ouviu várias queixas de imigrantes mexicanos nos Estados Unidos, que teriam sido vítimas de discriminação por causa da gripe suína. Em entrevista à televisão mexicana, o presidente Calderón considerou que os atos de discriminação contra seus compatriotas no mundo, em razão do vírus da gripe suína, é "fruto de ignorância" ou de desinformação. O mandatário afirmou ainda que o México está nesta luta "por toda a humanidade" e exigiu respeito com os mexicanos.

Argentina, Cuba, Peru e Equador suspenderam os voos provenientes do México. Teorias de conspiração No domingo, o governo também voltou a rebater críticas de que teria demorado em notificar a OMS sobre o surgimento da gripe suína e de avisar o público sobre o surgimento do surto.

O ministro da Saúde reiterou que a entidade foi avisada a tempo e que, até o momento, a OMS não expressou nenhuma crítica à postura do governo mexicano. Córdova respondeu também aos rumores de que o governo teria mantido em sigilo os primeiros casos da doença para não interferir na visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao país, em meados de abril. O anúncio público se deu no mesmo dia em que terminava a visita presidencial.

"O alerta não se deu em função de uma situação política. Jamais!", disse Córdova. "O alerta se deu no momento em que o número de casos passou da normalidade." Por sua vez, o presidente Felipe Calderón comentou ainda o rumor de que a nova doença seria uma invenção criada durante a reunião do G-20 com a finalidade de aquecer a economia dos países ricos e distrair a atenção pública de outros problemas. "Obviamente isso é ridículo. Mas vale a pena explicar a todos que faz muito tempo que se espera, no mundo, que ocorram novas epidemias derivadas de vírus, sobretudo do vírus da influenza."