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Cidade do México relaxa restrições contra gripe após cinco dias

06/05/2009 17h16

Após cinco dias de restrições para evitar a propagação da gripe suína, a Cidade do México reabriu nesta quarta-feira estabelecimentos comerciais, escolas, empresas, restaurantes e serviços públicos. O trânsito, a multidão e o barulho voltam a fazer parte da rotina dos moradores da cidade mais afetada pelo surto até o momento. Nas ruas, a maior parte das pessoas já não usa máscaras e muitos falam do assunto como algo que "já passou". No entanto, o governo pede que a população continue adotando medidas preventivas (evitar aglomerações, lavar as mãos constantemente, evitar cumprimentos com beijos e apertos de mãos, usar máscaras onde houver muitas pessoas, não usar gravatas e outras) e exige que diversos estabelecimentos sigam suas novas recomendações de controle.

Leia também na BBC Brasil: Gripe suína deve gerar perdas de US$ 2,2 bilhões, diz México Lazer Os restaurantes, por exemplo, devem manter mesas vazias para garantir o espaço entre os clientes. Escolas, museus e bibliotecas foram desinfetados e seus funcionários receberam orientação para poder identificar sintomas da doença e encaminhar possíveis infectados aos hospitais. O transporte público também passou por uma grande limpeza, que deverá ser repetida diariamente, e em algumas estações do metrô estão sendo distribuídos aos usuários folhetos informativos e gel desinfetante para as mãos. Também foram instalados nos metrôs máquinas capazes de identificar passageiros com febre, já que este é um dos principais sintomas da gripe suína. As atividades de lazer - como cinema, shows e teatros - continuam suspensas na capital do México. Hoje, o Comitê Científico de Vigilância Sanitária e Epidemiológica da Cidade do México deve decidir se a cidade segue na fase laranja do alerta sanitário (risco elevado de epidemia) ou se passa à fase amarela (risco médio). No resto do país, o governo vem trabalhando principalmente com a divulgação de informações e o acompanhamento e análise de novos casos. Dados confirmados Segundo informações da Organização Mundial de Saúde e de governos locais, 44 pessoas morreram 42 no México e dois nos Estados Unidos) em decorrência da gripe suína até agora, e a doença já foi registrada em 24 países.

Já foram registrados mais de dois mil casos confirmados da doença - a maioria no México e nos Estados Unidos. No Brasil, pelo menos 26 casos suspeitos continuam sendo monitorados. Embora o número de mortos por gripe suína tenha subido de 29 para 42 em menos de 24 horas no México, o governo mexicano afirma que há uma tendência de baixa ocorrência de casos graves.Como explicou em coletiva de imprensa o Ministro da Saúde do México, José Córdova, os casos agora reportados são de mortes ocorridas em dias anteriores, mas que ainda dependiam de testes que comprovassem a relação com o novo vírus. Até o momento, o México registra 1.112 infectados pela doença. O Ministro disse que, de acordo com os dados que tem até o momento, o pico da gripe suína no país se deu no dia 26 de abril. Mas, segundo ele, é preciso que passem 15 dias sem novos casos para que a doença saia da fase de alerta e entre na fase de controle. "Até lá não podemos relaxar", disse. As autoridades também vêm alertando para a possibilidade de uma nova onda de contágio, comum nos vírus influenza. Leia também: Inverno pode facilitar propagação de gripe suína no Hemisfério Sul Por que México? Nesta quarta-feira, o presidente Felipe Calderón colocou em dúvida as versões que sugerem que o vírus da influenza A H1N1, que provoca a gripe suína, tenha surgido no México. "Este é um tema de discussão entre cientistas", disse ele, lembrando que o primeiro registro do vírus ocorreu nos Estados Unidos. Ontem, especialistas americanos disseram crer que o vírus não foi exportado do México para o mundo.

Mas a pergunta que circula no país não é onde surgiu o vírus e sim por que razão os mexicanos são os mais afetados. Sem resposta conclusiva, as autoridades do México destacam apenas condutas sociais que possam ter colaborado para esta situação, como os hábitos de higiene e a prática da automedicação. "Em muitos casos, sobretudo entre 20 e 50 anos, as pessoas não vão aos hospitais quando se apresentam os primeiros sintomas. As pessoas se automedicam (...) e isso faz com que os quadros se compliquem", disse o Ministro da Saúde.

Segundo dados do governo, antes do alerta do dia 17 de abril, as pessoas que sentiam sintomas demoravam de sete a nove dias para se dirigir a um médico. "Após o alerta, esta média passou para um dia e meio." *Colaborou a redação da BBC Brasil em São Paulo