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Laboratório do Incor cria exercícios para tratar apneia do sono

04/06/2009 10h45

São Paulo - Especialistas do Laboratório do Sono do Serviço de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), em São Paulo, criaram uma técnica para tratar a apneia obstrutiva do sono, problema que atinge cerca de um terço dos paulistanos. O tratamento criado pela fonoaudióloga Kátia Guimarães consiste numa série de exercícios para fortalecer os músculos da garganta para evitar que, durante o sono, a faringe se feche, o que interrompe a respiração.

"Apneia causa fragmentação do sono", diz o diretor do Laboratório do Sono do Incor, Geraldo Lorenzi Filho. "Daí vem a sonolência durante o dia e, com isso, perde-se em qualidade de vida: há perda de produtividade no trabalho, dificuldade de concentração, queda na libido, problemas no metabolismo e resistência à insulina (hormônio responsável pelo metabolismo da glicose)." Outro problema comum causado pelo distúrbio é o ronco.

Por três meses, um grupo de 16 pessoas fez séries diárias de 30 minutos dos exercícios para fortalecer os músculos da garganta. No final do período, o número de interrupções na respiração durante o sono caiu de uma média de 22,4 para 13,7 por hora. A intensidade do ronco passou de "muito alto" para "próximo da normalidade". O resultado foi a melhora na qualidade do sono. Lorenzi Filho diz que os exercícios são indicados para pacientes que sofrem os casos leves e moderados da doença.

Segundo o diretor do laboratório, 60% dos casos moderados passaram a leve depois dos três meses de tratamento. Nos casos mais graves, a indicação é uma máscara geradora de pressão que expande as vias aéreas. "Ela não é cômoda, mas é a melhor forma de tratamento nos casos mais complexos", diz Lorenzi Filho.

O especialista diz ainda que a apneia é mais comum em homens e a chance de se desenvolver aumenta com a idade, quando ocorre um relaxamento natural da musculatura do corpo. Obesidade também aumenta os riscos. Segundo Lorenzi Filho, a menopausa é fator que pode desencadear a apneia nelas. Para a pneumologista e pesquisadora do Instituto do Sono Sônia Maria Tozeiro, o novo tratamento ainda precisa de mais testes para que seja aceito sem restrições pela comunidade científica. "É preciso haver mais evidências de que realmente funciona." As informações são do Jornal da Tarde.

AE