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Fazer quimioterapia sem alterar rotina fica mais comum, dizem médicos

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

16/06/2009 12h00

Encarar sessões de quimioterapia sem alterar a rotina, segundo os médicos, se tornou uma atitude cada vez mais comum entre pacientes que precisam passar por mais essa etapa do tratamento de câncer. A quimioterapia pode ocorrer antes ou depois da cirurgia para retirada de um tumor ou quando não há necessidade de operar. A reação aos medicamentos durante o tratamento varia de acordo com o organismo, com o tipo de tumor e o estágio no qual ele se encontra, o que, naturalmente, influencia as condições de saúde do paciente.

A importância do uso do bicarbonato de sódio para frear o surgimento de metástases tumorais ganha força com resultados recentes de experimentos feitos em camundongos. A substância eleva o pH do ambiente tumoral, o que dificulta a proliferação das células.

"Os testes em animais mostram que o bicarbonato deixa o tumor confinado", afirma Andres Yunes, pesquisador do Centro Infantil Boldrini, em Campinas, interior paulista. Leia mais
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No entanto, segundo Daniel Herchenhorn, chefe do Serviço de Oncologia Clínica do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tratamento vem passando por uma desmistificação. "Não é que a quimioterapia tenha ficado mais branda. O que mudaram foram as pessoas", explica. "As drogas estão menos tóxicas, sim, e o tratamento, menos agressivo. Só que algumas pessoas ainda têm a ideia de que a quimioterapia é uma sala de tortura. Tudo depende do entendimento do paciente de que se trata de um processo transitório."

O médico acredita que os motivos para as mudanças de atitude no paciente estão relacionadas com o avanço dos medicamentos que aliviam os efeitos colaterais, como náusea, vômito e fadiga (ocorrido nos últimos dez anos), a maior difusão de informações sobre o câncer e a importância da quimioterapia, o acesso mais amplo aos serviços de saúde, o que propicia que o diagnóstico seja feito mais cedo, e, com isso, aumenta a possibilidade de cura.

O médico Auro Del Giglio, do Hospital Albert Einstein, lembra que a maior parte dos pacientes volta a trabalhar no dia seguinte a uma sessão (de duração variável, podendo ser de minutos a várias horas). "Até 15 anos atrás, as pessoas vomitavam muito. Melhorou bastante", disse o oncologista, que acompanha entre 160 e 200 pessoas no Einstein e em seu consultório, a maior parte com câncer de mama e linfoma. Apesar das mudanças, a palavra "câncer" ainda é omitida por muitos doentes. No entanto, como lembra Herchenhorn, um câncer de intestino ou um linfoma em fase inicial, por exemplo, têm até 90% de chance de cura.

Acompanhamento

Na enfermaria e no ambulatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca), psicólogos buscam esclarecer que câncer não mata - necessariamente. "Toda pessoa que é diagnosticada entra em desespero. A gente mostra que a vida vai continuar", relata Maria da Conceição Moreira, chefe do setor de psicologia do hospital. Pacientes são encaminhados quando médicos, enfermeiros ou assistentes sociais percebem traços de ansiedade, depressão ou resistência ao tratamento. "O medo de morrer é natural. Quando o atendimento faz efeito, as pessoas somem, o que é ótimo. Isso acontece porque elas passam a dar prioridade a outros aspectos da vida."

Roberta Pennafort