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Cardiologista alerta que hipertensão piora nos dias frios

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

06/07/2009 09h45

Quem sofre de hipertensão deve estar atento no inverno: o aumento da poluição do ar nesta época do ano agrava os sintomas da doença. Isso ocorre pela ação de gases tóxicos e material particulado emitidos pelos veículos movidos a combustíveis como gasolina e diesel. A conclusão é do cardiologista Abrão José Cury Jr., do Hospital do Coração. Segundo ele, no inverno, o número de hipertensos que procuram hospitais aumenta em até quatro vezes. Eles se queixam de elevação da pressão arterial, desconforto respiratório, tontura, angina e dor de cabeça.

Conselheiro da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Décio Mion diz que quase um terço das mortes no Brasil por ano (cerca de 300 mil) são causadas por doenças cardiovasculares.

"A hipertensão é ligada a 80% dos casos de derrame e 60% de enfarte." Segundo ele, 95% dos casos da doença são genéticos, mas agravados por fatores como sedentarismo, estresse e dieta inadequada.
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HIPERTENSÃO PROVOCA 80% DOS CASOS DE DERRAME
O problema se torna mais grave porque a hipertensão é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares (enfarte e AVC), que matam cerca de 300 mil por ano. Nos meses frios, ocorre o fenômeno chamado inversão térmica, que dificulta a dissipação dos poluentes na atmosfera, aumentando os níveis desses gases no ar. Segundo Cury Jr., o óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e dióxido de enxofre e o material particulado, que entram na corrente sanguínea pelos pulmões, provocam efeito de vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos) ao agir no endotélio - camada que reveste as artérias.

O fenômeno ocorre com pessoas que já sofrem de hipertensão e maiores de 60 anos. O especialista disse ainda que não é possível afirmar que os gases poluentes possam provocar hipertensão em pessoas sadias. "Para isso, temos de fazer mais pesquisas." O estudo que relacionou a hipertensão com os índices de poluentes na atmosfera foi apresentado, em 2005, como dissertação de mestrado na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre fevereiro de 2001 e dezembro de 2003, 16.573 foram analisadas - 5.503 homens e 11.070 mulheres - com idade média de 50 anos.

As queixas dos pacientes foram comparadas aos níveis de poluentes, temperatura e umidade alguns dias antes e depois da data em que foram ao médico. A partir do cruzamento dos dados, Cury Jr. chegou à sua conclusão.

Complicações

O nefrologista Décio Mion, conselheiro da Sociedade Brasileira de Hipertensão e especialista no assunto, afirmou desconhecer a relação hipertensão e poluição. "O que sabemos é que, no frio, o corre vasoconstrição e, no verão, vasodilatação", disse. "A poluição é muito ligada a doenças cardiovasculares em geral. Mas não é de se estranhar que exista essa relação (com a pressão sanguínea)." Presidente da Associação Brasileira de Cardiologia, Antonio Carlos Chagas disse que, nos dias frios, os vasos sanguíneos ficam menos relaxados - daí a vasoconstrição. "É indiscutível que, quanto maior a poluição, maiores as chances de ocorrerem complicações cardiovasculares", afirmou. As informações são do Jornal da Tarde.