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Qualidade de banco de sangue pode melhorar com fidelização, diz estudo

13/07/2009 09h30

São Paulo - A melhoria da qualidade do sangue usado em transfusões no País depende principalmente da mudança na forma de recrutamento dos doadores, avalia o pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Grangeiro. Para ele, tão importante quanto a adoção de testes mais seguros para HIV e hepatites é o esforço de fidelizar doadores com estilo de vida que não aumente o risco para essas doenças. "Não é preciso ter uma grande quantidade de pessoas recrutadas, mas adotar um método racional para captação de sangue."

Estudo da Fundação Pró-Sangue de São Paulo observou que o risco de infecção por HIV, vírus causador da aids, durante transfusão de sangue no Brasil é 10 vezes maior do que em países desenvolvidos. Atualmente, antes de o candidato iniciar a doação, ele passa por uma entrevista no banco de sangue, para verificar se há o risco acrescido de ele ser portador do HIV. A oferta de doação pode ser descartada, por exemplo, se ele for diabético, caso tenha feito tatuagem, colocado piercing, tenha parceiros sexuais que se submetam a hemodiálise ou sejam homens que fazem sexo com homens.

O problema é que isso muitas vezes é feito pelo profissional de saúde de forma agressiva. "Há uma série de relatos de pessoas que se sentem ofendidas diante do profissional", diz Grangeiro. A pesquisadora Ester Sabino afirma que um trabalho feito na Fundação Pró-Sangue, com orientação para candidatos a doadores, não se refletiu na melhoria da qualidade das bolsas. "A taxa de bolsas coletadas e mais tarde descartadas se manteve, o que mostra um índice alto de informações incorretas passadas pelo doador."

Nas campanhas, o lema era: se tiver dúvida, não doe. "Mas há pessoas que se sentem inibidas a contar que se encaixam em alguma das situações de risco." O coordenador nacional da Política de Sangue e Hemoderivados, Guilherme Genovez, diz que há iniciativas de fidelização que apresentam êxito, como um grupo em Brasília, formado por jovens que, assim que completam 18 anos, comprometem-se a fazer doações e adotam comportamento que reduz o risco de doenças. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

AE