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Ecstasy pode estar relacionado à lesão cerebral aguda, diz pesquisa

18/08/2009 17h32

São Paulo - Um estudo publicado pelo periódico "Neurology", jornal oficial da Academia Norte-americana de Neurologia, pode trazer mais um ponto sobre a questão dos malefícios do ecstasy para a saúde. A publicação descreve a história de um homem e uma mulher de 25 anos de idade que apresentaram lesão cerebral após crise epilépticas desencadeadas pela ingestão da droga. "O que se observou de mais impressionante foi que, com uma crise epiléptica de curta duração, de menos de dois minutos, os jovens apresentaram lesão no hipocampo", diz o médico Ricardo Teixeira, diretor do Instituto do Cérebro de Brasília (ICB). "Isso significa que o ecstasy pode ter potencializado o efeito danoso que a crise epiléptica tem sobre o cérebro", completou.

Ele esclarece que o hipocampo está do lado esquerdo e direito do cérebro e tem forte ligação com a memória. Tanto é que essa região é uma das mais precocemente afetadas na doença de Alzheimer. Teixeira diz que ainda é cedo para afirmar que a droga foi o fator determinante nesse caso. "Esses indivíduos já poderiam ter uma predisposição à crise, que chegou às vias de fato talvez pelo uso da droga. No entanto, cada vez mais os estudos vêm provando a ligação entre o uso de ecstasy e os efeitos danosos ao cérebro."

Em novembro do ano passado, a revista inglesa "Brain" trazia novidades em relação aos malefícios da droga. Na ocasião, pesquisadores holandeses haviam selecionado cerca de 190 indivíduos entre 18 e 35 anos que nunca tinham consumido ecstasy e que eram considerados potenciais usuários em um futuro próximo: ou por já ter declarado tal intenção ou por ter amigos que usavam a droga.

Os voluntários fizeram diversas técnicas de neuroimagem e, após 12 meses, eles voltavam para um novo exame. O processo durou três anos. Durante esse tempo, 59 pessoas haviam usado a droga. Eles, então, foram comparados com 56 pessoas do grupo original que não tinham experimentado o ecstasy. O resultado revelou uma série de anormalidades cerebrais no grupo que havia usado a droga, tais como alteração na perfusão (passagem de um líquido por meio de um órgão) sanguínea, na estrutura da substância branca e maturação cerebral. O importante foi notar que essas alterações só foram adquiridas após o início do estudo, quando os voluntários não as apresentavam.

Renan Carreira