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Cadeia do plástico prepara campanha de esclarecimento

Em São Paulo

09/09/2009 19h47

Fabricantes de sacolas plásticas, empresas varejistas, petroquímicas e a Petrobras se uniram em torno do objetivo de tentar esclarecer a população a respeito do uso consciente das sacolas e do real impacto do produto ao meio ambiente. A iniciativa, lançada nesta quarta-feira a partir da criação de uma ação publicitária assinada pela agência W/, é uma resposta do setor às diversas campanhas lançadas nos últimos meses que sugerem o fim da utilização das sacolas plásticas nos supermercados.

Considerada por executivos do setor como a primeira oportunidade em que a cadeia se reúne para defender o uso consciente do plástico e se posicionar contra o fim da sacolas plásticas, a iniciativa prevê o lançamento de uma campanha, com orçamento estimado inicialmente em R$ 7 milhões, que deve abranger veiculações em TV, jornais, revistas e internet. "O lançamento da campanha acontecerá oficialmente nesta semana, no último capítulo da novela 'Caminho das Índias'", revelou o publicitário Washington Olivetto. "A ideia é que o primeiro impacto (da campanha) seja de grande abrangência", destacou o executivo da W/.

A iniciativa de se gerar energia a partir do aproveitamento do lixo doméstico está mais próxima de virar realidade no Brasil. Segundo executivos de empresas e entidades que compõem a cadeia do plástico, o tema ganhou força nos últimos meses, com a discussão sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e poderá ter resultados práticos ainda no começo de 2010. Leia mais
LIXO PODE VIRAR ENERGIA
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A escolha do horário e do veículo tem explicação. O objetivo é atender o maior número possível de pessoas, que podem incorporar o conceito de uso consciente das sacolas plásticas no dia a dia. "Vamos mostrar que as sacolas têm papel fundamental no cotidiano das pessoas e que o problema (da presença das sacolas no meio ambiente) está no descarte incorreto e na coleta insuficiente de produtos recicláveis", destacou o presidente do Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), Francisco de Assis Esmeraldo, para quem o foco da campanha é educar o consumidor.

A primeira fase da ação publicitária terá duração de dez meses, sendo que os 15 primeiros dias serão focados na veiculação na TV aberta. A campanha também estará presente na TV fechada até o final deste ano e até meados de 2010 em jornais e na internet. "É a primeira vez que temos a cadeia unida em torno de uma campanha sobre o uso do plástico, por isso acredito que após esse primeiro momento a iniciativa pode ser estendida para outros segmentos da cadeia do plástico", afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (Abief), Alfredo Schmitt. O prazo também pode ser estendido conforme os resultados da campanha.

Além da ação publicitária, as entidades também pretendem ampliar o Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, lançado no ano passado com o intuito de orientar os supermercados a estimular o uso sustentável das sacolas plásticas. O Pão de Açúcar, uma das redes varejistas a aderir ao projeto, já reduziu o consumo de sacolas em 35%, segundo a Plastivida. A meta da entidade é reduzir o consumo de sacolas nas redes participantes em aproximadamente 30%.

A preocupação da cadeia, na qual estão desde a fornecedora da matéria prima Petrobras até as petroquímicas como Braskem e Quattor e os fabricantes das sacolas, é o efeito negativo das campanhas antissacola para o setor. "Os números das pesquisas mostram que não houve uma alteração significativa em relação ao uso do plástico, mas temos a preocupação com a divulgação de informações incompletas sobre o assunto", afirmou Schmitt.

Segundo pesquisa Ibope divulgada pela Plastivida, o número de pessoas que consideram o saco plástico como forma mais indicada para o transporte de produtos ficou praticamente estável entre 2007 e 2009, em torno de 70%. A pesquisa também aponta que 100% da população utiliza a sacola plástica para outras finalidades, como saco de lixo, em um mercado que movimentou mais de 16 bilhões de unidades em 2008.

Apesar do forte apelo da sacola plástica junto ao consumidor brasileiro, o setor decidiu se unir e reforçar a imagem do plástico, baseada na economia, praticidade e reciclagem do produto. O evento realizado hoje, que marcou o lançamento da campanha, reuniu transformadores e executivos das petroquímicas, além de representantes do varejo, na sede da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).