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Anvisa recua e propõe manter remédio para emagrecimento

Em Brasília

25/08/2011 10h30

Depois de seis meses de debate, técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltaram atrás e decidiram recomendar a manutenção da sibutramina, remédio usado para emagrecimento, no mercado brasileiro. Em relatório apresentado ontem para membros da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) da agência, a equipe manteve a decisão de indicar a proibição apenas das drogas dietilpropiona, femproporex e mazindol.

O documento propõe que a sibutramina continue no mercado, desde que sejam respeitadas algumas condições: a droga não pode ser prescrita por um período superior a 60 dias, o paciente tem de ter índice de massa corpórea (IMC) acima de 30 e ele também terá de assinar um documento em que confirma estar ciente de todos os riscos.

A nova versão do relatório será apresentada para diretores da agência, a quem caberá decidir o destino dos emagrecedores no País. Pela praxe, a diretoria colegiada - formada pelos quatro diretores da Anvisa - segue a recomendação do relatório técnico.

Integrantes da Cateme afirmaram terem sido surpreendidos e se mostraram indignados com as novas indicações. A Cateme foi a responsável pelo primeiro relatório apresentado pela Anvisa, em fevereiro, recomendando a proibição do uso de todas essas drogas. Ontem, em votação unânime, a Cateme foi contrária ao parecer do grupo técnico.

Riscos e benefícios

A equipe da Anvisa foi questionada sobre as razões da mudança de postura em relação aos emagrecedores. No início do ano, o mesmo grupo defendeu a retirada desses remédios - e a sibutramina era a vilã. O argumento era de que os riscos superavam os benefícios. Essa convicção foi mantida mesmo depois das duas audiências públicas realizadas pela Anvisa para ouvir especialistas e a sociedade.

No último encontro, em entrevista à reportagem, a chefe do Núcleo de Notificação da Anvisa, Maria Eugênia Cury, afirmara: "Nenhum argumento ouvido nos encontros trazia um fato novo que mereceria a mudança do parecer". Ontem, Maria Eugênia foi questionada sobre qual seria o fato novo. A resposta foi: "Uma decisão da equipe técnica".

O presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Durval Ribas Filho, considerou a vitória parcial. "É preciso esperar a decisão da diretoria colegiada da Anvisa. Mas o ideal seria que todos os remédios continuassem no mercado." Ricardo Meirelles, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia concorda. "Não é o melhor dos mundos, mas seria insensato proibirem a sibutramina", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.