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Mais idosos realizam teste de HIV em SP, aponta levantamento

Mariana Lenharo

Em São Paulo

20/08/2012 12h07

Mais idosos passaram por testes de HIV na cidade e no Estado de São Paulo em 2011, em comparação com o ano anterior. É o que mostram levantamentos feitos a pedido do Jornal da Tarde por três laboratórios privados e por um Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids da secretaria estadual de Saúde. O fenômeno reflete, segundo especialistas, mudanças comportamentais nesse grupo, que passou a prolongar a vida sexual com a ajuda de medicamentos contra impotência, como o Viagra.

No Laboratório Delboni Auriemo, por exemplo, foram feitos 3.730 testes de HIV em idosos da capital paulista em 2011. O aumento foi de 26,3% na comparação com 2010, quando foram realizados 2.952 testes. Outro laboratório que registrou esse movimento foi o Salomão-Zoppi Diagnósticos, também na capital paulista. Lá, a porcentagem de crescimento do exame na terceira idade foi de 46% entre 2010 e 2011. Quando a comparação é feita entre os cinco primeiros meses deste ano em relação aos cinco primeiros meses do ano passado, constata-se um aumento de 75% nos pedidos de testes. No Lavoisier, um levantamento feito em todo o Estado de São Paulo com 11.739 pessoas mostrou que, entre 2010 e 2011, ocorreu aumento de 28,6% em exames feitos por pessoas com mais de 60 anos de idade. Se 2.937 idosos procuraram o laboratório para saber se tinham HIV em 2010, no ano passado esse número subiu para 3.779.

Para a infectologista do Lavoisier Maria Lavinea Figueiredo, a aids é um problema sério entre pessoas com idade acima de 60 anos por causa da situação imunológica mais frágil dessa população, uma vez que a doença ataca justamente o sistema de defesa do corpo. Além disso, o próprio tratamento com antirretrovirais pode agravar problemas típicos da idade avançada, como colesterol alto, diabete e hipertensão. Outra dificuldade é que o idoso, muitas vezes, acredita que a aids é uma doença que atinge apenas os mais novos. “Hoje em dia eles têm acesso a remédios que permitem que tenham relações sexuais, apesar da idade avançada. E ficam mais suscetíveis a contrair doenças sexualmente transmissíveis”, disse Maria.

No Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, o número de idosos testados para aids passou de 75, em 2010, para 101, em 2011. O aumento foi de 34,6%, mas, de acordo com a assistente de gerência do núcleo de DST e do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Angela Maria Peres, esse ainda não é o público principal do núcleo - que costuma realizar mais de 3 mil exames por ano. "Quem sempre nos procurou foi a população mais vulnerável: homens que fazem sexo com homens, travestis, transexuais. Essa população que tem mais de 60 anos só passa a nos procurar quando tem alguma indicação de que o parceiro ou a parceira é HIV positivo”, disse. As informações são do Jornal da Tarde.