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Sem Wi-Fi, tablet do Mais Médicos perde funções

Fabiana Cambricoli

Em São Paulo

16/12/2013 16h43

Sem contar com Wi-Fi nos postos de saúde onde trabalham, profissionais do programa Mais Médicos não conseguem usar parte dos recursos oferecidos no tablet dado pelo Ministério da Saúde para auxiliá-los no atendimento aos pacientes. No aparelho, ficam disponíveis materiais de consulta referentes a protocolos clínicos, informações sobre doenças e tradutor português-espanhol, entre outros recursos.

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Parte do material, porém, só pode ser acessada se o aparelho estiver conectado à internet sem fio, tecnologia inexistente na maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) onde os médicos atuam. Levantamento feito pela reportagem nas 48 cidades de São Paulo que receberam profissionais do programa mostra que apenas a minoria conta com o serviço. Das 36 prefeituras que responderam, apenas oito têm internet Wi-Fi em todos os postos de saúde. Outras seis têm a tecnologia em algumas unidades e 22 não possuem o serviço em nenhuma UBS.

“O tradutor do espanhol para o português, por exemplo, só funciona se tiver internet. Isso acaba dificultando um pouco nosso trabalho porque, quando surge alguma dúvida, temos de interromper a consulta, às vezes sair da sala, para pedir ajuda a um colega. Todos são sempre muito solícitos, mas o serviço no tablet facilitaria”, diz uma médica de Cuba que trabalha na zona norte de São Paulo. Com cem profissionais do Mais Médicos, a capital paulista é um dos municípios que não têm internet Wi-Fi em nenhum dos postos de saúde. Em todo o Estado, são 356 profissionais em atendimento, além de 216 que devem começar a trabalhar ainda em dezembro.

Aplicativo

Outro recurso do tablet indisponível para os médicos que não têm internet em nos postos é o aplicativo Telessaúde, no qual os profissionais podem enviar as dúvidas para os supervisores. O Código Internacional de Doenças (CID-10) também só pode ser consultado quando há rede Wi-Fi disponível.

Médicos de cidades em que as UBSs têm internet dizem que os recursos do tablet facilitam o trabalho. “Quando preciso consultar detalhes sobre alguma doença ou então tirar uma dúvida do idioma, o tablet já está na mão, agiliza a própria consulta”, afirma a médica cubana Mercedes Perez Calero, de 44 anos, que trabalha em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde 20 dos 67 postos têm internet grátis.


Investimento

De acordo com o Ministério da Saúde, até agora, 4.974 médicos receberam o tablet em todo o país. Cada aparelho custou R$ 1.450, num investimento total de R$ 7,2 milhões. Outros cerca de 1,6 mil médicos que estão no Brasil pelo programa também receberão o equipamento, diz a pasta. Perguntado sobre a dificuldade de uso do material pelos médicos, o ministério afirmou que todo o material está disponível para acesso remoto.

A reportagem navegou no tablet e confirmou que o tradutor, o aplicativo Telessaúde e o CID-10 não funcionam sem internet. Já as portarias e vídeos sobre os programas do ministério, protocolos clínicos, cadernos de atenção básica e produções científicas estão disponíveis no tablet mesmo no formato off-line. Ainda segundo o ministério, o equipamento tem tecnologia 3G e cabe ao médico contratar um pacote de dados móveis para ativar o serviço.