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HC ficou sem licitação por 5 anos em esquema que superfaturava cirurgia

Folhapress
Imagem: Folhapress

18/07/2016 16h04

O delegado da Polícia Federal Milton Fornazari Junior afirmou nesta segunda-feira, 18, que houve um superfaturamento de cerca de R$ 90 mil em cada cirurgia investigada pela Operação Dopamina. A investigação da PF e do Ministério Público Federal apura fraudes na compra de equipamentos por servidores do Hospital das Clínicas de São Paulo para implante em pacientes com o Mal de Parkinson.

O médico-cirurgião Erich Fonoff e o diretor administrativo do setor de Neurocirurgia, Waldomiro Pazin, ambos do HC de São Paulo, maior complexo hospitalar da América Latina, teriam induzido pacientes a entrar com ações na Justiça para conseguirem cirurgias de implante com urgência.

A investigação aponta que uma vez concedida a ordem judicial, o equipamento necessário (marca-passo e eletrodos) era adquirido sem licitação, com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), de uma mesma empresa que teria remunerado o médico e o administrador, pela exclusividade obtida, por meio de serviços de consultoria falsamente prestados pelo médico à empresa.

"De 2009 a 2014 não houve licitação no Hospital das Clínicas para aquisição desse material e 82 pessoas deixaram de ser atendidas, deixaram de ter sua cirurgias em favor daqueles que entraram com ações judiciais", afirma o delegado da PF.

Milton Fornazari Júnior apontou que o médico e o diretor administrativo teriam 'vínculo comercial' com fornecedores e com representante comercial da empresa. O esquema teria funcionado entre 2009 e 2014.

"Os equipamentos custavam em torno de R$ 20 mil. Com o superfaturamento e a dispensa da licitação, os equipamentos passavam a custar cerca de R$ 115 mil. Havia um superfaturamento de cerca de R$ 90 mil em cada cirurgia. Foram cerca de 200 cirurgias, tem-se o valor aproximado de superfaturamento e fraude detectado na investigação de R$ 18 milhões", afirmou.

Defesa

Em relação à operação da Polícia Federal, o Hospital das Clínicas da FMUSP informa que, desde fevereiro, vem colaborando com o MPF na apuração do caso, entregando todos os documentos e fornecendo todas as informações solicitados. Desde o início, o MPF pediu sigilo sobre o caso, de forma que o HCFMUSP não pôde iniciar apurações internas. Agora, será aberta uma apuração sobre o caso. O HCFMUSP segue à disposição do MPF e da PF para auxiliar nas investigações.