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Aposentada criou grupo para doação de remédios após morte de amiga

Wikimedia Commons/Wikipedia
Imagem: Wikimedia Commons/Wikipedia

Edison Veiga e Fabiana Cambricoli

19/09/2016 16h30

Milhares de pessoas, posts pedindo, posts oferecendo. Likes para cá, compartilhamentos para lá. Os grupos de troca de remédio do Facebook, em geral, começaram todos de alguma história pessoal. No caso do "É Dando Que Se Recebe", que congrega cerca de 3,5 mil usuários, foi o drama pela doença da amiga que motivou a aposentada Vera Ligia Buonomo, 65, a criar o grupo.

Hoje, a gestão da página lhe toma horas de trabalho por dia - que ela faz com prazer. "Às vezes, são 23h30 e estou na frente do computador. Mas fico feliz quando vejo histórias bem-sucedidas. O câncer não espera", afirma ela.

Vera diz com conhecimento de causa. Em 2012, uma grande amiga foi diagnosticada com câncer nos rins. Precisava de um medicamento que custava R$ 24 mil na época. Ela decidiu criar o grupo na rede social fazendo o apelo a quem tivesse o remédio. A amiga acabou morrendo antes de conseguir. Vera decidiu seguir adiante com o projeto. "Acredito que é uma maneira de homenageá-la."

Pelas regras do grupo, quem oferece tem de pedir a receita - que o beneficiário precisa escanear e enviar, antes de receber a caixa. "Pessoalmente, eu não me envolvo. Então, é uma orientação que faço", diz Vera.

Vez por outra, ela republica um post em que reforça a norma. "Fiquem atentos, pois estamos falando de vidas humanas e precisamos ter certeza da origem do remédio, se a dosagem é a correta, se está na validade, etc", diz parte do texto.

Já a página "Doação de Remédios (São Paulo)", com 3 mil membros, tem um perfil mais abrangente - ali é possível ver posts oferecendo remédios de todos os tipos, restritos e não restritos, caros e nem tão caros assim.

"Eu tinha alguns remédios parados em casa. Achei que era pecado se fossem para o lixo", conta a criadora do grupo, a advogada Mônica Saul Tiago, 40. "Fiquei pensando na quantidade de medicamentos que, ainda no prazo de validade, são perdidos. E tantos precisando de remédio." É claro que a página também tem suas regras. "Nosso lema número um é nunca fazer automedicação", adverte.