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Procura de vacina contra febre amarela em São Paulo cresce 15 vezes

Paulistanos enfrentam fila para receber dose da vacina contra a febre amarela em unidade de saúde no Planalto Paulista, em São Paulo (SP), na manhã desta quarta-feira (10) - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Paulistanos enfrentam fila para receber dose da vacina contra a febre amarela em unidade de saúde no Planalto Paulista, em São Paulo (SP), na manhã desta quarta-feira (10) Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

11/01/2018 07h31

Em meio ao avanço de casos na Grande São Paulo, a procura pela vacina contra a febre amarela na capital cresceu 15 vezes nos últimos três meses de 2017, em comparação com a média dos outros trimestres do ano. Dados inéditos da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo mostram que, entre outubro e dezembro, 1,3 milhão de pessoas se vacinaram. Nos trimestres anteriores, a média foi de 88 mil. A alta se deu, sobretudo, com a campanha na zona norte, mas também houve aumento de demanda nos postos já existentes de toda a cidade.

Nesta quarta-feira (10) o governo estadual reabriu o Horto Florestal, o Parque da Cantareira, na zona norte, e o Parque Ecológico do Tietê, na zona leste, fechados há mais de dois meses pela ocorrência de macacos infectados nos locais. Para visitar as unidades, os frequentadores terão de se vacinar contra a doença. Faixas colocadas nos parques informam que a imunização deverá ser feita dez dias antes da visita, mas não haverá cobrança de comprovante de vacinação.

De acordo com o secretário de Estado do Meio Ambiente, Maurício Brusadin, a população terá de colaborar. "Todas as comunidades ao redor dos parques estão informadas e a cobertura vacinal nos dá a garantia de que a população está consciente. Temos certeza de que as pessoas que não estão vacinadas, ao ver a faixa, não vão entrar."

Outros 23 parques municipais continuam fechados, nas zonas norte, sul e oeste, como medida preventiva contra o vírus. Segundo a Secretaria Municipal do Verde, ainda não há previsão de reabertura.

Secretário de Estado da Saúde, David Uip afirma que os três parques foram fechados para que análises fossem realizadas e agora os locais não oferecem riscos às pessoas imunizadas. "Estamos diante de uma população que está vacinada. Não tem motivo para não reabrir os parques." Segundo o balanço da secretaria estadual, foram registrados 29 casos autóctones (de transmissão interna) da doença e 13 óbitos. Há casos suspeitos ainda em análise.

Nas primeiras horas de funcionamento do Horto Florestal nesta quarta, o movimento ainda era tímido e formado principalmente por moradores da região. Eles comemoraram a reabertura do espaço que utilizam para atividades físicas e levar crianças para brincar, mas nem todos confiam que só visitantes vacinados frequentarão o local.

O atendente André de Souza, de 43 anos, foi passear no parque com a mulher, a frentista Claudia Gomes, de 41, e a filha Giovanna, de 9. Eles se vacinaram no início da campanha no distrito. "Estávamos sentindo falta do parque. A gente que é morador depende desse lugar para o lazer." Ele e a mulher não acreditam que as pessoas deixarão de visitar o lugar pelo fato de não terem se vacinado. "Não vão respeitar. Não acho que deveriam exigir a carteirinha (de vacinação) na porta. Isso é demais, porque ia formar muita fila", afirma Claudia.

Também nesta quarta, a Prefeitura anunciou que iniciará no dia 3 de fevereiro a vacinação em 15 distritos das zonas leste e sul da cidade. Na mesma data, terá início a campanha em regiões do Estado que ainda não foram afetadas pelo vírus. A meta é vacinar 6,3 milhões de pessoas de 53 municípios até 24 de fevereiro. Segundo a pasta estadual, 7 milhões de paulistas tomaram a vacina no ano passado. Entre 2007 e 2016, 7,6 milhões haviam sido imunizados.

Na rede privada, a busca pelo imunizante também aumentou. Segundo o Sírio-Libanês, a procura está em um "volume muito alto". A maior demanda é de famílias. Já a clínica Vacinarte teve o estoque esgotado nesta semana, tanto na Lapa quanto em Perdizes, na zona oeste.

Interior

Depois da confirmação de duas mortes por febre amarela em Atibaia, moradores lotaram os postos de vacinação contra a doença nesta quarta no município do interior paulista. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Central, as filas dobravam o quarteirão e a espera pela vacina chegava a duas horas. Com outras unidades lotadas, a prefeitura decidiu manter sem interrupção a aplicação da vacina no pronto-atendimento do Jardim Cerejeiras. Nos próximos dias, a unidade continuará funcionando em regime de 24 horas. Desde a manhã até as 17 horas, os 16 postos tinham imunizado mais de 3 mil pessoas.

Em Jarinu, onde uma mulher de 54 anos morreu após adquirir a febre amarela, os moradores lotaram o Ambulatório Central de Saúde, uma das cinco unidades onde há imunizante disponível. Segundo a prefeitura, cerca de 20 mil moradores foram vacinados desde o ano passado - a cidade tem 28 mil habitantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.