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Internações ligadas a problemas respiratórios caem 10% em SP com abertura do Rodoanel

20 mil caminhões movidos a diesel deixaram de circular diariamente pela cidade  - Paulo Whitaker/Reuters
20 mil caminhões movidos a diesel deixaram de circular diariamente pela cidade Imagem: Paulo Whitaker/Reuters

Herton Escobar e Paula Felix

Em São Paulo

27/04/2018 12h40

A inauguração do Rodoanel Sul fez bem à saúde de São Paulo, ainda que não tenha desentupido as artérias viárias da capital paulista por muito tempo. Essa é a principal conclusão de um estudo que mediu os efeitos da remoção de caminhões nas vias urbanas desde 2010, com a abertura do anel viário.

Dados da operadora de pedágio SPMar indicam que 20 mil caminhões movidos a diesel deixaram de circular diariamente pela cidade após a abertura desse trecho do Rodoanel - que forneceu uma via mais simples de acesso ao Porto de Santos, desviando o fluxo de veículos pesados das Marginais do Tietê e do Pinheiros e da Avenida dos Bandeirantes.

Segundo os pesquisadores, isso resultou em uma redução de até 25% na poluição por óxidos de nitrogênio (NOx), gases tóxicos produzidos pela queima do combustível diesel. Concomitantemente, o número de admissões e mortes ligadas a problemas respiratórios e cardiovasculares - que são influenciados pela poluição do ar - caiu 10% na região central da cidade, conforme o estudo.

Outras doenças não seguiram a mesma tendência, indicando que a redução foi mesmo induzida pela redução nas emissões de NOx. "Isso mostra como intervenções na área de transporte têm efeitos na saúde pública", diz o pesquisador Nelson Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que é um dos autores do estudo, publicado no Journal of the European Economic Association.

Os cientistas estimam que a cada 100 a 200 veículos pesados que deixam de circular na cidade, evita-se uma morte por ano ligada à poluição do ar. As conclusões do estudo têm por base um cruzamento de dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Os outros autores são o economista Alberto Salvo, da Universidade Nacional de Cingapura, e seu aluno de pós-doutorado à época, Jiaxiu He.

Inaugurado em março de 2010, o Trecho Sul do Rodoanel tem 57 quilômetros, conectando as Rodovias Imigrantes e Anchieta (que dão acesso à Baixada Santista) às Rodovias dos Bandeirantes, Anhanguera, Castello Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt, que são cortadas pelo Trecho Oeste do anel (inaugurado em 2002) e conectam a capital paulista às Regiões Sul e Centro-Oeste do País. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".