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Frio impõe maiores cuidados com vírus de doenças respiratórias

21.ago.2020 - Movimentação na Avenida Paulista, em São Paulo, com frio e bastante chuva - DANILO M YOSHIOKA/ESTADÃO CONTEÚDO
21.ago.2020 - Movimentação na Avenida Paulista, em São Paulo, com frio e bastante chuva Imagem: DANILO M YOSHIOKA/ESTADÃO CONTEÚDO

Marina Aragão

22/08/2020 07h32

A chegada de uma forte massa de ar frio polar nesta semana, em meio à pandemia do novo coronavírus, intensificou a preocupação com as doenças respiratórias e a circulação de vírus e bactérias típicas dessa estação, para além do Sars-CoV-2.

Gripes, resfriados, rinites, asma, bronquite e outras infecções encontram condições propícias nas baixas temperaturas. Outros problemas comuns são os dermatológicos - pele ressecada já é característica do tempo frio e pode piorar com o uso do álcool gel.

As doenças respiratórias tendem a se concentrar no período do inverno por dois motivos: com a temperatura mais baixa, diminui a circulação sanguínea em áreas que recebem o ar frio, como os pulmões, por exemplo. Isso permite uma infecção mais ágil e aguda por parte dos vírus transmitidos pela via respiratória.

É o que explica Flávio Guimarães, virologista do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Mas há também, diz ele, "uma razão social, que é a tendência de aglomeração das pessoas em locais fechados". "Isso contribui para alastramento de doenças respiratórias no inverno."

Vírus e frio

Mas o especialista faz uma ressalva em relação ao vírus da covid-19. "O coronavírus, como muitas outras coisas na pandemia, veio para quebrar alguns paradigmas. Muito se falou que o Brasil teria uma chance melhor - isso há 4, 5 meses -, porque nossa temperatura é mais quente e o vírus não se adaptaria bem."

Isso, diz ele, não correspondeu à realidade. "Agora que está esfriando mais, será que vai ficar pior? Eu acho que não." Para ele, o que pode causar novos picos da doença, mesmo que momentâneos, é o processo de flexibilização e retomada das atividades".

A infectologista e professora da Unicamp Raquel Stucchi vai na mesma linha. Avisa que o recado para os dias frios continua o mesmo: "Fiquem em casa". "Não é hora de encontrar os amigos ou a família, porque a aglomeração aumenta muito o risco de transmissão."

Nas ruas

A tarde desta sexta-feira foi a segunda mais fria em 60 anos em um mês de agosto, na cidade de São Paulo, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na estação do Mirante de Santana, onde são feitas as medições oficiais da cidade, a temperatura média observada foi de 9,3°C, por volta das 15h.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) informou que a capital iniciou a Operação Baixas Temperaturas, para a população em situação de rua. E, no momento, há uma sobra de vagas: 10 mil pessoas já foram abrigadas desde maio e ao todo são mais de 24 mil vagas ofertadas.

A presença dessa massa de ar polar sobre o Brasil trouxe ainda geada e até um pouco de neve para algumas cidades da região Sul do País. A lotação de turistas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O fenômeno raro, que ocorre em localidades que registraram temperaturas negativas, fez com que algumas pessoas tentassem reproduzir os famosos bonecos de neve que são frequentemente vistos em nações que possuem invernos bem mais rigorosos. As imagens circularam nesta sexta-feira nas redes sociais e até viraram memes utilizando o nome de Olaf, o simpático boneco de neve da animação Frozen.

Segundo a empresa Climatempo, as baixas temperaturas ainda vão permanecer no Brasil por mais dois dias, até domingo, quando então a massa de ar polar deve se dirigir para o Oceano Atlântico. Apesar disso, muitas pessoas estão aproveitando o clima atípico para tirar fotos e fazer vídeos da maior onda de frio do ano. (Colaborou Paulo Favero)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.