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Vergonha do físico e falta de atenção dos professores são principais motivos de desistências em academias

Thamires Andrade

Do UOL Ciência e Saúde

24/09/2011 07h00

Cerca de 50 a 60% dos alunos que se matriculam em academias desistem nos primeiros 45 dias. A estimativa é da Associação Brasileira de Academias (Acad) e os motivos que levam a essa decisão são os mais variados. Dos entrevistados, 68% afirmam que parte dessa desmotivação ocorre por falta de atenção dos professores no espaço em que estão matriculados. "Como a pessoa não tem o hábito de praticar atividades físicas e quase sempre estão com vergonha do corpo, os profissionais não podem apenas montar o programa e abandonar o aluno na sala.”, acredita Kleber Pereira, presidente da Acad. Pereira destaca como função dos professores identificar os mais tímidos e fazer um bom trabalho para que eles se relacionem melhor com as pessoas e com os aparelhos em que farão as atividades.

A advogada Sandra Scotti Colombo, hoje matriculada em uma academia feminina, conta que ficava constrangida em fazer exercícios por estar um pouco acima do peso. "Além disso, não gosto de praticar aulas com muita gente reunida. Já tinha tentado fazer exercícios em outros ambientes, mas não me adaptei, ou era muita gente ou era um desfile de moda. Gosto de fazer minha ginástica confortável e não me preocupar com o que estou vestindo", justifica ela. Foi para suprir essas necessidades que as academias passaram a investir em programas especiais para diminuir a evasão entre os novos alunos.

A maioria oferece acompanhamento nos três primeiros meses para estimular e entender as necessidades do aluno que ingressa. "É importante assim que ele entra na academia montar a rotina de atividades e levar em consideração as restrições físicas, como desconforto em alguma prática, tempo que está distante de atividades físicas e período que pode ficar na academia", acredita Rita de Cássia Ernandez, Coordenadora Técnica da academia Competition. O fator bem-estar, de acordo com ela, também precisa ser levado em conta para avaliar alguns conceitos como autoestima, disciplina, flexibilidade e força, para depois gerar um gráfico comparativo para mostrar a evolução obtida a cada três meses.

No início das atividades, entretanto, é preciso também ser claro e transparente com o aluno sobre os exercícios. Na opinião de Regina Bento Oliveira, professora da academia Contours, é essencial orientar o aluno das mudanças que acontecem no organismo e de possíveis dores que ele pode sentir pelo esforço físico. "O ideal é sentir apenas que praticou atividades físicas, especialmente os sedentários, e não uma dor insuportável por uma semana". Segundo ela, quando o aluno já sabe dos efeitos dos exercícios, se sente mais seguro e as chances de ficar uma semana sem voltar às aulas pelo trauma das dores iniciais diminui. Eduardo Neto, diretor técnico da academia Bodytech, concorda e acrescenta que o período inicial é uma espécie de educação para a cultura da academia, visto que os aparelhos usam uma tecnologia com a qual o aluno nem sempre está acostumado. "Ele precisa aprender a lidar com essas novidades, para depois poder fazer por conta própria, independente da ajuda do instrutor", comenta.

Para estimular os alunos a frequentar o espaço é importante criar compromissos. Para Neto, a melhor forma de lidar com pessoas que costumam faltar é agendar algumas atividades. "Marcar datas para mudanças na série de exercícios, convidar para outras aulas que a academia oferece, isso tudo contribui para o aluno continuar frequentando", explica Neto. No caso da aposentada Lila Arruda, se comprometer com as aulas fez a diferença quando começou a frequentar a academia. "Gostei do programa oferecido e de cara já fiz o plano de um ano. Não tinha muita certeza se ia ter motivação pra ir sempre, mas ter feito essa escolha por um período mais longo foi uma maneira de evitar faltar nas aulas", destaca ela.

O professor Rodolfo Vieira, da academia Bio Ritmo, acha fundamental acompanhar a frequência dos alunos, pois isto também é responsabilidade do professor. "Quando os alunos faltam, mandamos e-mail, SMS com mensagens de incentivo para voltar ao espaço.” Para ele, esse tratamento faz a diferença, pois mostra que o professor está preocupado com o aluno. Outra maneira de incentivo é mostrar os resultados práticos que foram obtidos. "Depois de três meses avaliamos parâmetros físicos, medidas de circunferência, peso, se ganhou massa magra e outros aspectos que os estimulam a dar continuidade à academia", mostra Vieira.