Topo

Aprenda a usar inseticidas e repelentes e livre-se dos insetos com segurança

Combate ao pernilongo e a outros insetos pode desencadear alergias; saiba como evitá-las - Stock Images
Combate ao pernilongo e a outros insetos pode desencadear alergias; saiba como evitá-las Imagem: Stock Images

Ana Alice Vercesi

Do UOL, em São Paulo

18/02/2012 06h59

Eles nunca são convidados, mas aparecem com hora marcada. Muitas vezes, chegam antes da família nas casas de praia, chácaras, fazendas e cachoeiras. E têm um grande talento para estragar a festa. “No verão, há uma proliferação de insetos”, comenta Antonio Carlos Madeira, pediatra do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. E as pessoas se expõem a lugares que costumam ser seu habitat natural. Se o encontro é inevitável, repelentes e inseticidas ajudam a manter "cada um no seu quadrado", mas é importante observar alguns cuidados antes de partir para o ataque. 

Quem optar pelos repelentes tradicionais deve ficar atento à possibilidade de alergias. “Eles são preparados para não causar danos à saúde. No entanto, podem desencadear processos alérgicos em pessoas sensíveis, e é impossível prever quem vai desenvolver a alergia ou não”, explica o pneumologista Marco Gomes, do Hospital Samaritano de São Paulo. O ideal é testar em uma área pequena, como antebraço, e ver se há alguma reação na pele.

Mas a dermatologista Gabriela Casabona alerta: “as reações alérgicas também podem ser tardias e não se iniciarão ao primeiro toque”. Se a pessoa já possuir histórico de alergia, o cuidado deve ser redobrado.

Nas crianças, as picadas de insetos têm ainda maior chance de causar irritações, como explica Madeira. “Quem tem bebê muito pequeno precisa usar o bom senso e não expor a criança a lugares onde a proliferação de insetos seja muito grande”, afirma.

Em bebês abaixo de dois anos, o uso de repelentes deve ser evitado por causa do risco de irritação ou intoxicação pela inalação do produto. “Os mosquiteiros ainda são uma arma muito eficiente de proteção, sem a necessidade de química”, lembra. Em crianças maiores, o ideal é fazer também o teste em uma pequena área da pele para verificar alergias.

Cuidados para escolher e aplicar repelente

- Verifique a concentração de Deet do produto. É um composto orgânico que pode causar alergias respiratórias em altas concentrações. Para uso em crianças e adolescentes, não pode ser maior do que 10%, e nunca pode ter mais do que 30% para produtos usados em adultos;
- Não aplique por baixo das roupas, pois aumenta a penetração e os riscos de irritações;
- Também aplique o produto antes de entrar na água ou na piscina;
- Se for para locais muito selvagens, use roupas como forma de proteção mecânica.
Consultoria: Gabriela Casabona, dermatologista do Hospital Samaritano de São Paulo

Repelentes naturais

As velas de citronela ganharam espaço nas malas, assim como repelentes naturais feitos à base de óleo dessa planta. Os efeitos e a eficácia, no entanto, ainda não são totalmente conhecidos. “Sabe-se que os repelentes naturais têm duração curta, podem ser usados no sol e funcionam bem para borrachudos e pernilongos”, comenta Gabriela. Ela alerta para não usá-los em excesso e nem próximos à boca.

A pulseira de citronela, outro produto oferecido no mercado, requer algumas precauções, conforme explica a dermatologista. “A pulseira tem a Anvisa garantindo a sua eficiência por até 120 horas. Mas deve-se ter cuidado com crianças, para não colocarem na boca e nem esfregarem sem querer nos olhos”, diz.

Para quem prefere uma fórmula natural, o pediatra aconselha procurar uma boa farmácia de manipulação que prepare o produto. “Hoje temos grandes redes de farmácias, com um bom controle de qualidade em termos de concentração dos compostos”, comenta.

Receitas caseiras, como as que misturam tinturas de citronela, glicerina e álcool, devem ser evitadas. “Temos que tomar cuidado com o álcool, pois além de ressecar a pele, pode causar queimadura se exposto ao calor de fogo e causar irritação se exposto ao sol”, alerta a dermatologista.

Inseticidas

Mal o sol começa a ser por no horizonte e a batalha com pernilongos e mosquitos se inicia, marcada pela correria para fechar portas e janelas ao entardecer. Mas se o uso de inseticidas em spray for necessário para reforçar a proteção, quem deve ficar do lado de fora também são as pessoas, principalmente durante a aplicação. “A inalação de inseticidas pode levar a alguns danos em potencial sobre o aparelho respiratório”, explica o pneumologista. Eles podem desencadear crises asmáticas ou de rinite alérgica, em quem for portador dessas doenças.

Cuidados no uso de inseticidas

- Siga as instruções do rótulo e mantenha o produto longe das crianças;
- Evite utilizar produtos nos quartos infantis, em brinquedos e em roupas;
- Areje o quarto ou a casa completamente após a pulverização;
- Retire os alimentos, pratos e utensílios da área antes da aplicação do pesticida. Lave as superfícies em que os alimentos são preparados;
- Caso o inseticida seja aplicado na parte externa da casa, deve-se fechar todas as janela e desligar o ar condicionado para que o produto não entre em casa.
Consultoria: Mauro Gomes, pneumologista do Hospital Samaritano de São Paulo

Se for verificada a necessidade de dedetizar o local, é importante obedecer ao tempo estimado pela empresa para permanecer longe de casa. O pneumologista explica que a inalação de inseticidas pode levar a uma doença mais rara, chamada de pneumonia de hipersensibilidade.“Pode ocorrer de forma aguda, devido a um episódio único de inalação, ou de forma crônica, se o contato for persistente. Não só os inseticidas, mas até a exposição a substâncias orgânicas, como fungos (mofo) e animais (aves, principalmente) podem levar à doença”. Os sintomas são, geralmente, tosse seca, falta de ar e chiado no peito, além de febre ocasional. Repelentes mecânicos, como telas, mosquiteiros e roupas, são sempre boas opções.

Os mesmos cuidados devem ser observados em relação aos animais. “Alguns inseticidas naturais, como velas de citronela, não geram problema, mas os sprays e outros modelos que são espalhados no ambiente, sim”, comenta Enrico Lippi Ortolani, médico e diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Ele recomenda afastar o animal de lugares em que foi aplicada uma quantidade grande de inseticida, ou sem ventilação. “Também é importante tomar cuidado com a contaminação dos alimentos e do ambiente em que o animal dorme, e evitar guardar os produtos em locais a que ele tem acesso”, alerta. Passar repelente no bichinho, então, só se for prescrito por um veterinário.