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Diretor de instituto dos EUA acredita que uma geração livre da Aids está dentro do alcance científico

Da Agência de Notícias da Aids, em Washington

23/07/2012 16h49

Não há razões científicas para o mundo não traçar um caminho, ainda que difícil, rumo a uma primeira geração mundial livre da Aids”, disse o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, em declaração à mídia durante coletiva prévia à 19ª Conferência Internacional de Aids, que teve seu início na noite de ontem em Washington. “Não há desculpas para não fazermos isto. Só precisamos de vontade política e organizacional para implementar o que a ciência nos deu".


Fauci ainda afirmou que os desafios da pandemia são grandes. “Ao redor do mundo, a doença já dizimou mais de 30 milhões de vidas e, hoje, 34 milhões de pessoas estão infectadas pelo HIV. Cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano ainda morrem por causa da Aids”, acrescentou ele.

Cientistas já estão falando com entusiasmo sobre recentes descobertas que, quando combinadas, têm o poder de reduzir drasticamente novas infecções. Na semana passada, os mais importantes pesquisadores mundiais pediram um novo esforço para encontrar a cura da doença. Em outra descoberta crucial, pesquisadores demonstraram no ano passado que conseguir manter os vírus dos soropositivos sob controle faz com que essas pessoas se transformem em “não-transmissores” da doença.

“Isso sugere que proporcionar tratamento adequado para mais pessoas com HIV – 20% deles não sabem que estão infectados – poderia ser uma ferramenta poderosa para impedir a proliferação da doença”, observou Fauci. “Virar a maré não vai acontecer espontaneamente, vai ser preciso haver objetivo e compromisso”.

“Agora existe um mantra entre as pessoas envolvidas na causa da Aids que é ‘procurar, testar, tratar e manter’”, contou a diretora do Instituto Nacional sobre Uso de Drogas Nora Volkow. Os profissionais de saúde querem testar pacientes não diagnosticados para o HIV, tratar a doença e mantê-los em tratamento.

Fauci ainda saiu em defesa dos EUA como líder na luta contra a Aids, alegando que já foram gastos US$ 50 bilhões desde 1982 e ressaltou que o país já foi bem sucedido antes em outras iniciativas, tais como fornecer medicamentos à África por meio do PEPFAR – o Programa de Emergência do Presidente para o Combate da Aids – uma iniciativa lançada em 2003 por George W. Bush, após consultoria com Fauci.

Naquela época, 50 mil pessoas de países em desenvolvimento tiveram acesso ao tratamento antirretroviral, o coquetel de drogas que tinha o crédito de transformar a Aids de uma sentença de morte em uma doença crônica. . Desde então, o PEPFAR – o qual recebeu um subsídio adicional de US$ 48 bilhões em 2008 – forneceu terapia antirretroviral para quase 4 milhões de pessoas. O programa, segundo Fauci, também ajudou a prevenir a infecção em 200 mil bebês por meio do fornecimento de medicamentos a 660 mil grávidas infectadas pelo HIV.

O PEPFAR deve ser reautorizado pelo Congresso norte-americano no próximo ano. E enquanto muitos estão empenhados em cortar o orçamento federal, Fauci garante que o programa tem o apoio tanto de republicanos quanto de democratas. “Eu não imagino uma iniciativa de tanto sucesso não ser autorizada”, concluiu.

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