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Médicos pedem liberação de remédios emagrecedores

Thamires Andrade

Do UOL, em São Paulo

21/09/2012 11h31Atualizada em 30/04/2015 18h03

Médicos nutrólogos da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) anunciaram nesta sexta-feira (21) um abaixo-assinado contra a proibição da venda de medicamentos anti-obesidade pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e uma audiência pública para liberação dos emagrecedores.

Segundo dados apresentados durante o 16º Congresso Brasileiro de Nutrologia, mais de 16 milhões de pessoas foram afetadas com a restrição dos remédios. Só no Brasil, dados da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) apontam que 49% da população têm excesso de peso.

A Anvisa proibiu no ano passado a comercialização dos medicamentos mazindol, femproporex e dietilpropiona no Brasil. A única droga para emagrecer mantida pela agência foi a sibutramina, que atua diretamente sobre o sistema nervoso. Porém, a volta do emagrecedor ao mercado foi cercada de restrições de uso: a droga não pode ser prescrita por um período superior a 60 dias, o paciente tem de ter IMC (índice de massa corpórea) acima de 30 e ele também terá de assinar um documento em que confirma estar ciente de todos os riscos.

“Em outubro, haverá uma audiência pública para a liberação dos medicamentos anti-obesidade pela Anvisa, será uma grande mobilização e precisamos abraçar a causa”, afirma Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Abran. 

Discriminação

Para os médicos da associação, a discriminação dos pacientes obesos prejudica o tratamento da doença que já é considerada uma epidemia mundial. "Se a pessoa tem hipertensão, ela toma remédio; se tem diabetes também. Então porque o obeso não pode tomar?", indaga Filho.

Com a proibição dos medicamentos, diz, o número de cirurgias bariátricas aumentou. “As cirurgias devem ser uma opção para os pacientes que não respondem aos outros tipos de tratamento, como remédio, mudança comportamental, alimentação e atividade física. Mas, a partir do momento que ele não pode tomar remédio, a cirurgia vira a única opção para isso”, alerta.

Com o lema "Obesidade, não. Remédio, sim. Não discrimine o obeso", os médicos estão se mobilizando para que a obesidade seja entendida como uma doença. "A pessoa não está tomando um remédio para ficar magra e virar modelo, não é uma questão estética, mas, sim, de saúde porque hoje já sabemos que a obesidade desencadeia uma série de doenças como hipertensão e diabetes", destaca.

Filho diz acreditar que a prevalência de obesidade no país aumentará, caso o projeto de lei para a liberação dos medicamentos não seja aprovado pela Câmara dos Deputados. “Para se ter uma ideia, toda mãe que ganha mais de 24 quilos na gestação terá um filho obeso, independente do fator genético. Isso é um problema de saúde pública”, conclui.