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Leite pode evitar uma série de problemas de saúde; saiba como aproveitar todos seus benefícios

Marina Kuzuyabu

Do UOL, em São Paulo

26/09/2012 07h00

Com mais de 30 milhões de litros de leite gerados por ano, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking dos maiores produtores do mundo deste alimento, considerado um dos mais completos e fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do corpo humano.

Tanto o leite, como seus derivados, são fontes de proteínas, vitaminas e minerais, entre eles, o cálcio. “Também são relevantes as quantidades de vitaminas do complexo B, vitaminas A e D, zinco, fósforo e magnésio, entre outros componentes”, informa Elci Almeida Fernandes, mestre em Nutrição Humana Aplicada, nutricionista clínica da Divisão de Nutrição e Dietética do Instituto Central (IC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HC – FMUSP) e coordenadora do curso de especialização de Nutrição em Gerontologia no mesmo instituto.

Não por acaso, praticamente todos os programas governamentais de nutrição e saúde pública enfatizam sua importância na dieta de adultos, crianças e idosos. O Ministério da Saúde recomenda três porções diárias do grupo alimentar, sendo que uma porção equivale a um copo de 200 ml ou duas fatias finas de queijo ou ainda a um copo de iogurte de 160 ml.  

No caso das crianças, a recomendação é ainda maior, como enfatiza Ana Potenza, mestre em Ciências Aplicadas à Pediatria e nutricionista da UTI Neo Natal do Hospital Israelita Albert Einstein.  “O período entre a gestação e o quinto ano de vida é nutricionalmente o mais vulnerável do ciclo de vida do homem”, diz. “Por esse motivo, o leite, que possui aminoácidos essenciais para o crescimento e desenvolvimento, deve ser consumido na infância para evitar problemas déficit nutricional no futuro”, complementa.

Contraindicações

Apesar de todos os benefícios que oferece, há casos em que os lácteos precisam ser restringidos ou mesmo eliminados da dieta. Geralmente, essas situações envolvem a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite.

Livia Yokomizo, nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que a primeira é causada pela deficiência da lactase, uma enzima digestiva, produzida no intestino delgado, responsável por decompor e absorver a lactose, o “açúcar” presente no leite.

Quando a lactose não é digerida, ela sofre fermentação no intestino e pode causar sintomas como irritação intestinal, flatulência, distensão abdominal, cólicas e diarreia. No Brasil, estima-se que cerca de 37 milhões de brasileiros, maiores de 15 anos, apresentem o problema, de acordo com dados do governo.

Já a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) se desenvolve por herança genética ou após o desenvolvimento de determinadas patologias, como surtos de gastrenterocolite aguda (inflamação simultânea do estômago e dos intestinos delgado e grosso) ou deficiência transitória de imunoglobulina A, que são moléculas que funcionam como anticorpos, como explica Yokomizo.

De acordo com a nutricionista Licinia de Campos, coordenadora do Curso de Gastronomia da Faculdade Paschoal Dantas, o problema é comum em crianças, mas superado pela maioria ao atingir a idade de quatro anos. “Apesar disso, alergias persistentes podem ocorrer”, informa. Ela explica que os sintomas são parecidos com o da intolerância à lactose.

Tratamentos e substituições

Elci Almeida Fernandes explica que o leite de vaca e seus derivados devem ser excluídos da dieta apenas quando for diagnosticada a alergia à proteína do leite. Quanto à intolerância à lactose, as orientações variam conforme a gravidade do problema, que pode ser leve, moderada ou severa.

Nos casos em que houver necessidade de diminuir ou eliminar totalmente o consumo dos produtos lácteos, os especialistas recomendam buscar outras fontes de cálcio. Espinafre, gergelim e peixe, por exemplo, também oferecem o mineral, embora em quantidades menores. “Em um copo de 240 ml, temos aproximadamente 300 mg de cálcio. São poucos os alimentos que atingem esta quantidade”, esclarece a nutricionista do Hospital do Coração (HCor) e especialista em Nutrição Clínica, Leila Ali Hassan Kassab.  

Sucos, cereais e outros alimentos fortificados com cálcio e os suplementos são outras possibilidades de suprir a falta do nutriente, alerta Campos.