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Alimentos da moda que ajudam a emagrecer também têm restrições, alertam especialistas

Procurado por quem quer emagrecer, o óleo de coco fornece 120 calorias a cada colher de sopa - Thinkstock
Procurado por quem quer emagrecer, o óleo de coco fornece 120 calorias a cada colher de sopa Imagem: Thinkstock

Carla Uerlings

Do UOL, em São Paulo

08/10/2012 07h00

Não existem receitas ou alimentos que façam desaparecer aqueles quilinhos indesejáveis como em um passe de mágica.  Segundo médicos e nutricionistas, quem deseja perder peso deve ter uma alimentação equilibrada e saudável, além de fazer exercícios físicos regularmente. Mas a maior parte das pessoas não quer rever seus hábitos e corre atrás de dietas milagrosas, que prometem uma silhueta perfeita em pouquíssimo tempo.

Nesse contexto, os alimentos naturais estão em alta, pois auxiliam nas dietas. Os “queridinhos” do momento são o óleo de coco e a chia. O óleo de coco possui características termogênicas. Isso significa que o alimento demanda mais energia para que seja digerido, queimando mais calorias durante o processo.  

Já a semente da chia é fonte de fibras, que em contato com a água formam um gel no estômago proporcionando mais saciedade e retardando a vontade de comer.

Mas o uso exagerado desses alimentos pode provocar o efeito contrário. Segundo Michelle Leite Oliveira Salgado, nutricionista clínica do Hospital Albert Einstein, em apenas uma colher de sopa de óleo de coco há 120 kcal e a ingestão em excesso de chia, com seu alto teor de fibras, pode causar distúrbios gastrointestinais.

“O consumo destes e de qualquer outro alimento deve acontecer com moderação e sempre com orientação do nutricionista. É preciso levar em consideração as necessidades nutricionais individuais, que variam conforme sexo, idade, atividade física, peso, altura e condição fisiológica”, alerta.

  • Além das fibras, a chia é rica em ômega 3, proteínas, vitaminas, antioxidantes e minerais

Dosagem adequada

Geralmente usado para cozinhar, o óleo de coco substitui as gorduras convencionais. Por ter sabor agradável, pode ser passado em pães, adicionado ao tempero de saladas e misturado a sucos ou vitaminas.  Nairana Borim, nutricionista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, acrescenta que a ingestão diária do óleo de coco é de, no máximo, duas colheres de sopa, divididas entre 30 minutos antes do almoço e do jantar.

 “A dosagem adequada para cada um deve ser prescrita por médico ou nutricionista. Pessoas com colesterol alto devem evitá-lo, pois por ser rico em gorduras saturadas pode elevar o LDL, também chamado de colesterol ruim”, explica.

A chia é encontrada em três formas: óleo, semente e farinha. No óleo há maior concentração de ômega 3. “Porém, não é uma boa escolha para o consumo de fibras, uma vez que elas se perdem no processo”, comenta Claudia Teixeira, nutricionista assistente do Hospital das Clínicas.  A farinha é a mais indicada por favorecer a preservação das fibras. “A recomendação do consumo é de apenas uma colher de sopa de chia por dia, o correspondente a 11g”, acrescenta Teixeira.

A farinha de chia pode ser adicionada a frutas, vitaminas, sucos e iogurtes. Por não mudar o sabor, também é misturada a refeições salgadas.  “Até o momento não há contraindicação e todos na família podem consumir a chia, mas vale lembrar que para usufruir dos benefícios é necessário que a pessoa tome bastante água”, recomenda Borim.

As profissionais destacam ainda outros alimentos que fazem parte da lista de quem busca emagrecer:  chá verde, quinoa,  frutas vermelhas (açaí, mirtilo, amora, framboesa, cúrcuma), óleo de cártamo, quitosana, linhaça, amaranto e aveia.

Pesquisa brasileira

Não é da noite para o dia que esses alimentos surgem nas gôndolas dos supermercados ou são recomendados nos consultórios. “Cada vez mais a população e a comunidade científica estão interessadas em qualidade de vida e prevenção das doenças. Isso impulsiona a pesquisa no mundo todo”, relata Michele Salgado, do Einstein.

No caso do óleo de coco, pesquisas têm colocado em xeque os benefícios que o produto traz. Em 2009, cientistas da Universidade de Alagoas acompanharam por três meses um grupo de 40 mulheres, com idades entre 20 e 45 anos.  Parte delas recebeu alimentação com óleo de soja e a outra com óleo de coco.

Os especialistas chegaram à conclusão de que o óleo de coco não eleva os níveis de gordura no sangue e reduz medidas abdominais em pessoas acima do peso. No entanto, notaram que o produto pode induzir a uma resistência à insulina, interferindo no nível de açúcar no sangue.

A semente de chia é velha conhecida. Era uma das principais fontes de alimentação dos maias e astecas, em 2.600 a.C. Cultivada no México e na Guatemala, era consumida para aumentar a resistência física. Diz a lenda que os maias comiam apenas um punhado das sementes e guerreavam por dois dias – por essa razão o nome chia, que significa força.

Além das fibras, a chia é rica em ômega 3, tem alto teor de proteínas, vitaminas, minerais e antioxidantes e não contém glúten.  Cláudia Teixeira, do HC, ressalta que cabe ao profissional de nutrição ou médico esclarecer as dúvidas sobre indicação, vantagens e desvantagens de cada alimento.

Naiara Borim, do Oswaldo Cruz, acrescenta que há excesso de informações e as pessoas não conseguem distinguir o que é melhor fazer. Por isso, é importante a procura de um profissional. “Ele irá filtrar o que é adequado, a forma como o paciente deve consumir e qual a quantidade.”

 

"Futura" bola da vez

  • Outros alimentos devem aparecer em breve com propriedades que ajudam na manutenção da saúde e auxiliam no emagrecimento.
    Pesquisa da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, mostrou que uma substância encontrada em grande quantidade na casca da maçã pode ter um efeito protetor contra a obesidade e os problemas de saúde que ela provoca, como diabetes e hipertensão. Testes em camundongos observaram que o composto, chamado ácido ursólico, reduz o ganho de peso e evita o surgimento de doenças hepáticas.
    Camundongos que seguiram uma dieta calórica e que receberam suplementos de ácido ursólico ganharam menos peso do que animais que não receberam o suplemento. Eles também apresentaram níveis normais de açúcar no sangue e não desenvolveram doença hepática gordurosa.
    Mas calma, nada de sair por aí comendo quilos e quilos de casca da maçã. Os estudos ainda estão no início. O que ajuda mesmo é comer moderadamente, ter alimentação balanceada e fazer exercício. Esse é o verdadeiro milagre!