Pesquisa contraindica suplementação com açaí para tratar desnutrição de pacientes com câncer
Estudo feito pela Universidade de São Paulo indica que a suplementação com açaí não ajuda pacientes com câncer. A hipótese de que a fruta auxiliaria no tratamento da caquexia - inflamação crônica dos órgãos que causa desnutrição e perda de peso excessiva - não foi comprovada.
“A caquexia se manifesta em 80% dos casos terminais e é responsável pela morte de mais de 20% dos pacientes com câncer. Ainda assim, é tratada por meio da reposição calórica, a qual tem se revelado completamente inócua”, afirmou a pesquisadora à Agência Fapesp.
Sabe-se que o açaí tem propriedades antiinflamatórias em sua composição natural. No entanto, os estudos verificaram que, em bebidas comerciais, com a adição de xarope de glicose, os ganhos metabólicos dos nutrientes são eliminados. A constatação foi feita a partir de testes com ratos sadios, que passaram a apresentar gordura no fígado.
Na segunda etapa da pesquisa, o xarope de glicose foi substituído por mel orgânico. “Dessa vez, comprovamos que, tanto nos animais sadios como nos que portavam tumor, a ingestão desse suco finalmente fez com que a propriedade antiinflamatória do açaí se manifestasse”, disse Seelaender.
Aumento do tumor
Outra propriedade do açaí, ainda mais conhecida do que a antiinflamatória, é a antioxidante. Seelaender e equipe procuraram verificar se a suplementação com suco de açaí e mel resultava na redução do estresse oxidativo relacionado à caquexia.
Segundo a pesquisadora, a ingestão desse composto diminuiu a concentração de malondialdeído – que é um elemento pró-oxidante – apenas em ratos sadios. Já em animais doentes, ela causou um aumento significativo da massa tumoral.
O resultado é que, embora os nutrientes do açaí tragam melhorias em relação ao perfil anti-inflamatório do organismo, eles não são eficientes no combate ao estresse oxidativo e ainda podem resultar no crescimento do tumor.
“Por conta disso, não indicamos a suplementação com açaí para o tratamento da caquexia associada ao câncer”, advertiu Seelaender, que, atualmente, realiza testes em humanos, para analisar as consequências da prática de exercícios físicos no combate a esse sintoma.
Segundo a pesquisadora, essa relação já havia sido estudada em ratos com resultados surpreendentes. “Todos os sintomas da caquexia foram contrabalançados pela atividade física regular e, em humanos, já temos notado inclusive uma diminuição da massa tumoral”, completou.
(Com Agência Fapesp)
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