Após diagnóstico difícil, blog vira referência para familiares de autistas
Andrea Werner, 37, não desconfiava que seu filho, Theo, era autista. “Até um aninho era tudo normal. Depois, passou a sorrir menos, a não olhar quando o chamava... Mas eu achava que era da personalidade dele, que era mais introspectivo”, lembra.
Mãe de primeira viagem e sem crianças na família, Andrea não tinha parâmetros de comparação. A suspeita acabou partindo dos professores da primeira escola de Theo, quando ele tinha dois anos. A adaptação foi bem complicada e o marido foi chamado um mês depois do início das aulas. “Apresentaram as características fora do normal: não se interessava por colegas, agia como se fosse surdo... Mesmo que, nessa hora, a sua única referência seja o [filme] ‘Rain Man’, isso gera um estalo. Foi um choque.”
Andrea e o marido levaram a suspeita para o pediatra, que entrou em negação. O médico insistiu que estava tudo bem com a criança. “A maioria esmagadora dos pediatras não sabe identificar autismo. Conheço milhares de mães por causa do blog e somente uma me contou que foi o pediatra que levantou a suspeita”, lamenta. “A síndrome acomete uma em cada 50 crianças, é mais do que diabetes, câncer e Aids juntos, é um absurdo tanta falta de informação.”
Um neurologista diagnosticou o quadro de Theo. “Foi um luto por um tempo, primeiros meses bem difíceis. Mas depois entendemos que ele é uma criança que veio com um software diferente”, brinca. Sua vivência deu origem ao blog “Lagarta Vira Pupa”, referência entre os pais de crianças autistas que buscam conselhos e troca de experiências.
Hoje, Theo faz terapia duas vezes por semana. Já passou por tratamento com fono e TO. “Uma sessão de ABA custa entre R$ 120 e R$ 150 reais. Então os pais precisam virar autodidatas para complementar em casa”, diz Andrea, que sempre busca se especializar em cursos oferecidos por associações. “Ainda bem que podemos pagar a terapia e uma ótima escola. Autista pobre só tem apoio das ONGs, é terrível”, critica.
Como conselho aos pais, Andrea sugere que desconfiem se algo não parece bem e insistam em procurar ajuda. “A maioria dos médicos diz que é falta de estímulo, que não pode comparar o filho com outras crianças... Isso é besteira. Você tem que comparar com outras crianças, seu filho tem de cumprir alguns marcos do desenvolvimento nas idades esperadas. Criança de dois anos que não fala não é normal”, alerta.
Vídeo (em inglês) revela como é o mundo sob a ótica de um autista
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