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Cremesp vai investigar caso de médicos que batem ponto e não trabalham

Do UOL

Em São Paulo

31/07/2013 13h15

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou nesta quarta-feira (31) que irá abrir sindicância para investigar o caso de de três médicos da maternidade pública Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo, que receberiam salário sem trabalhar. Uma reportagem do SBT reproduzida pelo UOL flagrou os profissionais saindo da instituição logo depois de bater o ponto em diversas ocasiões. Por causa da apuração, o Cremesp não pode comentar o assunto.

Os profissionais mostrados na reportagem são o cirurgião geral Luis Henrique Nucci, o endocrinologista Rogério Gondo e o cirurgião geral Roberto Sodré. Segundo a Corregedoria Geral da Administração do Estado, a situação será apurada para que se instaure um processo que pode resultar na demissão dos médicos envolvidos no caso.

Também nesta quarta, Rogério Gondo divulgou um post em sua página no Facebook em que comenta a reportagem. Ele diz que sua função primária é dar suporte à instituição, atendendo gestantes de alto risco com diabetes ou problemas de tireoide, por exemplo, e também casos de genitália ambígua. O médico afirma que faz consultas no ambulatório e avaliações de pacientes na enfermaria, quando necessário.

O endocrinologista ainda ressalta que fica à disposição do hospital para atender a qualquer hora do dia, algo que também foi dito por Nucci na reportagem. "Além disso, estou a disposição de qualquer membro da equipe médica da instituição, 24 horas por dia, todos os dias, através do meu celular (número disponível na diretoria técnica), para uma discussão de um caso, e, se necessário, uma avaliação presencial o mais rápido possível. Essa última atuação configura, ao meu ver, uma modalidade de plantão a distância", relata Gondo no Facebook.

Ele termina o post com o argumento de que teria "maneiras legais" para não trabalhar, caso decidisse tirar todas as licenças a que tem direito. Veja o texto do médico, na íntegra:

Venho por meio desta esclarecer sobre a vinculação de minha imagem a uma reportagem. Sou médico, concursado a nível estadual, e trabalho no Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros. Sou endocrinologista e minha função primária é dar suporte a instituição, na compensação de pacientes com atenção principal a gestantes de alto risco (com diabetes mellitus, diabetes gestacional, tireoidopatias etc), compensar metabolicamente pacientes que necessitam de cirurgia (pré operatório), além do suporte a maternidade em casos com genitália ambígua, por exemplo.

Como atuo para cumprir minha função? Primeiramente, faço consultas no ambulatório. Não é raro acompanhar toda semana uma paciente descompensada. A instituição me dá todo suporte inclusive agilizando a realização de exames laboratoriais, fato difícil de se ver por aí. Desta maneira, objetivo um melhor controle, minimizando as internações e complicações das pacientes. Na enfermaria, dou todo suporte a pacientes que precisam de uma avaliação endocrinológica (inter consultas).

Além disso, estou a disposição de qualquer membro da equipe médica da instituição, 24 horas por dia, todos os dias, através do meu celular (número disponível na diretoria técnica), para uma discussão de um caso, e, se necessário, uma avaliação presencial o mais rápido possível.
Essa última atuação configura, ao meu ver, uma modalidade de plantão a distância.

A reportagem não somente omitiu todas essas minhas atribuições como simplesmente deixou de maneira, de certa forma evidente, que nunca trabalho na instituição. Na verdade, eu teria, inclusive, algumas maneiras legais para não trabalhar: teria tirado todas as minhas licenças prêmios (nunca requeri), além de todos os 9 meses de afastamento do meu quinquênio que tenho direito!

Acredito que a melhor maneira de cumprir minha função é dessa maneira.

Muito obrigado pela atenção!