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Ministério da Saúde acerta vinda de 4.000 médicos cubanos para o Brasil

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

21/08/2013 17h40Atualizada em 21/08/2013 18h06

O Ministério da Saúde anunciou na tarde desta quarta-feira (21) um acordo de cooperação com intermédio da Opas, braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas, para a vinda de 4.000 médicos de Cuba. Eles irão preencher as vagas que não foram selecionadas por brasileiros ou estrangeiros até o momento no programa Mais Médicos e não poderão escolher o municípío de atuação.

Entenda a proposta do governo

  • Arte/UOL

    Governo Federal quer atrair médicos para atuarem nas periferias e no interior do país

Na primeira etapa, participarão 400 médicos cubanos, que serão destinados a municípios do Norte e Nordeste. Eles vão passar por acolhimento e avaliação em universidades de oito capitais a partir da próxima segunda-feira (26) - o ministério irá aproveitar a estrutura que já foi formada para os inscritos no Mais Médicos.

Cerca de 85% dos 4.000 profissionais têm mais de 16 anos de experiência e todos eles têm residência médica, segundo o ministro Alexandre Padilha. Assim como os médicos inscritos no programa, eles poderão ser reprovados. "Só irão para os municípios os médicos que tenham condições de atender bem a população e de se comunicar [em português]", disse o ministro.

Na segunda etapa do acordo, prevista para 4 de outubro, mais 2.000 profissionais de Cuba virão ao país. Os demais devem vir até o fim do ano, porém nenhuma data foi divulgada.

O ministério irá pagar bolsa de R$ 10 mil mensais - o mesmo que o previsto no Mais Médicos - por cada profissional de Cuba. Mas o montante será repassado à Opas, que fará o encaminhamento ao governo cubano. Moradia e alimentação ficarão a cargo dos municípios.

No início do ano, Cuba ofereceu 6.000 profissionais ao Brasil, oferta que gerou polêmica e, em pouco tempo, foi suspensa pelo governo.

Na ocasião, críticos da medida lembraram que no acordo que Cuba realiza com outros países, como a Venezuela, para envio de médicos, a maior parte do dinheiro fica com o governo, e não com os profissionais. Questionado sobre isso, o ministro foi evasivo: "A preocupação do ministério é se [o profissional] tem qualidade, experiência e condições individuais de atender a população".

Padilha adiantou que já iniciou negociações com Espanha e Portugal para firmar acordos semelhantes ao fechado com o governo de Cuba.

Mais Médicos

Na primeira seleção, concluída na última semana, o programa Mais Médicos teve 18.450 profissionais inicialmente inscritos, sendo que 1.920 deles atuam no exterior (sejam brasileiros ou estrangeiros). No entanto, apenas 1.816 finalizaram o processo de seleção. O total cobre cerca de 11% da demanda de médicos dos municípios.

O programa, assim como os acordos de cooperação para a vinda de estrangeiros, são alvos de ataque das entidades médicas, já que prevêm que profissionais atuem no país sem passar pelo exame de revalidação do diploma.