Povo não pode esperar que médicos se formem, diz Dilma sobre Mais Médicos
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (11) que "a saúde das pessoas não pode esperar até que os médicos se formem" ao defender o programa Mais Médicos, do governo federal, que possibilita a contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para ampliar o atendimento em regiões pobres do país.
"Esse é um problema em caráter emergencial", argumentou Dilma, que esteve nesta manhã em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, acompanhada do governador Sérgio Cabral (PMDB).
A presidente disse ainda que "um governo não pode ser surdo", e que a ausência de médicos na rede pública é um problema que abrange várias esferas. "O Brasil tem um problema sério na área de saúde. Vocês falam e as pesquisas mostram. A gente vive em contato com governadores e prefeitos, e escutamos as reclamações. Por isso fizemos o Mais Médicos", declarou.
Dilma afirmou também que o governo federal "respeita os médicos desse país, pois eles deram uma grande contribuição". No entanto, sem entrar em detalhes sobre os protestos da categoria, a presidente da República disse estar embasada na avaliação de que "faltam médicos".
"No Leblon e em Ipanema [bairros nobres da zona sul da capital fluminense], não faltam médicos. Mas falta aqui", disse ela, em referência ao município de São Gonçalo.
Demagogia eleitoreira
A questão dos médicos estrangeiros caiu na vala da irracionalidade. No meio desse fogo cruzado, com estilhaços de corporativismo, demagogia, esperteza política e agressividade contra os recém-chegados, estão os usuários do SUS.
Insisto que sou a favor da contratação de médicos estrangeiros para as áreas desassistidas, intervenção que chega com anos de atraso. Mas devo reconhecer que a implementação apressada do programa Mais Médicos em resposta ao clamor popular, acompanhada da esperteza de jogar o povo contra a classe médica, é demagogia eleitoreira, em sua expressão mais rasa.
Leia, na íntegra, o artigo de Drauzio Varella
"Vamos defender esse programa porque ele é um programa que melhora a vida das pessoas", finalizou.
Maioria apoia vinda de estrangeiros
Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada ontem (10), em Brasília, mostra que 73,9% da população é a favor da vinda de médicos estrangeiros ao país pelo programa Mais Médicos, do governo federal.
A pesquisa apontou ainda que pelo menos 49,6% dos brasileiros acreditam que o programa Mais Médicos será capaz de solucionar problemas graves de saúde.
No entanto, algumas cidades fazem articulações contra a vinda dos médicos selecionados pelo programa. O Cremec (Conselho Regional de Medicina do Ceará) conquistou ontem na Justiça Federal a primeira decisão do país contra o programa Mais Médicos. O órgão está desobrigado de fornecer o registro profissional provisório para os médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior que deveriam iniciar as atividades na próxima segunda-feira.
Já em Florianópolis, o prefeito Cesar Souza Júnior suspendeu na tarde de terça-feira (10) o decreto municipal que impedia o município de contratar médicos formados no exterior que não tenham feito o exame Revalida. Por causa da medida, a coordenação do Mais Médicos excluiu temporariamente a cidade do programa, estipulando um prazo de cinco dias para que a prefeitura se justificasse. Florianópolis esperava a apresentação de seis médicos na primeira etapa do programa.
Prova para estrangeiros terá 3 questões
Os médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior que estão passando por curso antes de iniciar as atividades no Mais Médicos terão de responder a apenas três perguntas e participar de uma simulação de atendimento para que o governo avalie se eles estão aptos a atuar no país. Um dos questionamentos do teste marcado para sexta-feira (13), é o preenchimento correto de um prontuário médico.
Desde o dia 26, 682 profissionais são submetidos ao treinamento, que inclui aulas de português e informações sobre o funcionamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e do programa de atenção básica. Desse total, 116 são brasileiros graduados em outros países, 566 são estrangeiros, destes 400 são cubanos, que vieram ao país por meio de acordo firmado com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).
"Esse é um problema em caráter emergencial", argumentou a presidente
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